Bolsonaristas temem fiasco com “megamanifestação” neste 15 de novembro

Depois de atos esvaziados e irrelevantes nos feriados de 7 de Setembro e 12 de outubro, agora os golpistas querem mobilizar as bases em meio à celebração da Proclamação da República

A terceira “megamanifestação” dos bolsonaristas no semestre, prevista para esta quarta-feira (15), tem tudo para terminar como as duas primeiras: num fiasco. Depois de atos esvaziados e irrelevantes nos feriados de 7 de Setembro e 12 de outubro, agora os golpistas querem mobilizar as bases para este 15 de Novembro, em meio à celebração da Proclamação da República.

Conforme revelou o colunista Lauro Jardim, do O Globo, a convocação nas redes tem dois motes. O primeiro evoca protestos golpistas anteriores: “15 de novembro. Megamanifestação. Todos de verde e amarelo. Ninguém fica em casa”. Já o segundo tema insiste na tentativa de golpear o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu nas urnas e impediu a reeleição Jair Bolsonaro em 2022. “Fora Lula! Somos Brasil”, aponta a peça.

De forma menos frequente, porém, pululam mensagens mais ilegais, que clamam por uma “resistência civil” sem base legal. Uma e outra exigem que Forças Armadas e Polícia Federal fechem as fronteiras e monitorem aeroportos e portos, a fim de impedir uma a fuga de políticos e magistrados do Brasil.

Não bastasse o “Fora Lula!”, há materiais que ainda clamam pela anulação das eleições presidenciais de 2022. Outros, mais radicais, sugerem o uso de armas de fogo para “tomar o país de volta” e expulsar os “ditadores” do poder. Embora encolhido, o bolsonarismo raiz sobrevive.

Pesa contra a mobilização não apenas o desgaste do ex-presidente, que foi declarado inelegível por oito anos e ainda enfrenta mais de dez ações na Justiça. As condenações dos réus envolvidos nos atos golpistas de 8 de Janeiro apavoram boa parte das bases bolsonaristas. Há penas que chegam a 17 anos de prisão.

O ambiente político tampouco favorece a oposição. Embora pesquisas apontem para um país ainda polarizado, as críticas ao governo Lula carecem de mais substância e apelo. Quando bolsonaristas defendem quem participou do 8 de Janeiro, por exemplo, o ruído é duplo: de um lado, realça o golpismo da extrema-direita; de outro, mostra o risco para todo e qualquer manifestante que se aventura a entrar nessa onda.

Para reforçar a conclamação, Bolsonaro saiu a campo nos últimos dias. Mas seu esforço de ostentar protagonismo político foi em vão. O ex-presidente até conseguiu convencer senadores do PL e do PP a votarem contra a reforma tributária, mas não ameaçou a aprovação da medida, que é uma das prioridades do governo Lula. No encontro com o embaixador de Israel, o maior feito de Bolsonaro foi constranger o próprio diplomata, que perdeu as condições de permanecer no País.

Se o ato deste 15 de Novembro fracassar, haverá mais pressão para que Bolsonaro participe de mais agendas públicas e ajude a animar seus eleitores.  Mas o maior desafio dos bolsonaristas depende pouco deles e mais de um fator externo: enquanto a gestão Lula for majoritariamente aprovada e a economia estiver em progresso, o clima para protestos golpistas continuará desfavorável.

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