“Sabesp é do povo”, conclama população na porta da Alesp

Em defesa do saneamento público, ato em frente à assembleia paulista pede para Tarcísio ‘tirar as mãos’ da água e do saneamento paulista

Foto: Márcio Silva

A população foi para a porta da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), nesta quinta-feira (16), para mostrar contrariedade ao projeto de privatização da Sabesp encabeçado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Em mobilização convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) e apoio das Centrais Sindicais, movimentos populares, sociais e estudantis, os manifestantes ocupam uma das entradas da Alesp enquanto ocorre a audiência pública sobre a privatização.

Dentro da Assembleia, parte dos trabalhadores participa da audiência. A direção da casa limitou a presença dos participantes dentro do auditório. Mas os que ficaram do lado de fora fazem barulho para serem ouvidos pelos deputados.

Foto: Márcio Silva

‘Rapinagem’

O presidente nacional da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Adílson Araújo, disse aos presentes no ato público: “O que assistimos é um ato de rapinagem. Quando a gente pergunta porque tamanha insistência do Tarcísio em entregar este que certamente é o patrimônio fundamental da vida, é exatamente porque conseguimos localizar que o interesse principal é entregar o patrimônio público aos interesses do rentismo, do grande capital e da especulação. A principal vítima será, sobretudo, a classe trabalhadora e aqueles que mais precisam”, afirmou.

De acordo com Adílson, o governo ao priorizar o lucro irá relegar a população a um cenário crítico. “Se o povo já não tem o que comer, quando tiver que comprar a água da empresa privatizada, como é que vai ser? Este povo que não tem mais acesso a água potável, em um estado que vive ano a ano no descaso … nós que assistimos diversos momentos os níveis de água alcançarem o volume morto, isso tudo porque Tarcísio quer levar os recursos da Sabesp para satisfazer as bancas de Wall Street, querem encher as burras dos banqueiros de dinheiro”, completou.

Adílson Araujo e Renê Vicente durante ato público. Foto: Reprodução

Recado aos deputados

Renê Vicente, vice-presidente da CTB Nacional e diretor do Sintaema, ressaltou a importância de deixar claro para os deputados a opinião dos trabalhadores:

“Nós temos uma opinião que foi coletada através de milhares de votos aqui no Estado de São Paulo, por meio de votos do Plebiscito Popular Contra a privatização da Sabesp, Metrô e CPTM. Mais de 97%, dos 879 mil votos coletados, mostraram contrariedade ao projeto”, disse.

Segundo Vicente, é fundamental lembrar do perigo que representa a entrega de uma empresa como a Sabesp para a iniciativa privada.

“Hoje no Brasil são cerca de 500 municípios que são tocados pela iniciativa privada. O principal exemplo é o caso da Saneatins, privatizada nos anos 2000. Em 2013, adivinhem? A BRK Ambiental [empresa privada que ficou no lugar da Saneatins], devolveu para o estado de Tocantins 78 municípios não rentáveis, aqueles que não davam lucro. O governo de Tocantins teve que criar às pressas a Agência Tocantinense de Saneamento. Esta é a lógica da iniciativa privada. Ficaram apenas com os municípios que davam lucro”, exemplificou.

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O diretor do Sintaema explicou a situação, pois mais de 60% da arrecadação da Sabesp vem da região metropolitana de São Paulo, o que gera preocupação para os outros municípios. “A grande maioria dos munícios de São Paulo, dentro dessa lógica que querem impor, é deficitária, não vão dar lucro. Podem ter certeza, o governador Tarcísio promete baixar a tarifa com o próprio dinheiro da privatização da Sabesp, mas quando esse dinheiro acabar eles vão aumentar o valor da tarifa, vão abandonar os municípios que não dão lucro ao descaso e quem vai pagar somos todos nós, a classe trabalhadora”, conclui Renê ao lembrar que a Sabesp é uma empresa lucrativa e que presta saneamento com qualidade em todo o estado.

Sabesp nova Enel

O ex-deputado estadual e presidente do PCdoB municipal São Paulo, Alcides Amazonas, ressaltou a importância da mobilização na Alesp.

“Já estive aqui exercendo o mandato de deputado estadual. Sei que só conseguimos reverter as coisas aqui com muita pressão, com muita mobilização e muito argumento. Por isso pedimos para que os deputados e deputadas que ainda tenham dúvidas sobre a privatização da Sabesp, Metrô e CPTM, olhem o que aconteceu semana passada. Um grande apagão e a responsabilidade do apagão foi a privatização do setor energético aqui de São Paulo. Não queremos que a Sabesp vire uma Enel amanhã, por isso a nossa luta é mais do que justa”, alertou Amazonas.

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Ubiraci ‘Bira’ Dantas de Oliveira, metalúrgico e vice-presidente da CTB, também conclamou os presentes a aumentar a mobilização.

“Vamos barrar essa privatização. É possível barrar aumentando a participação popular, chamando mais partidos e entidade, para derrotar esta política nefasta que visa destruir o patrimônio do povo”, disse ao lembrar que no próximo dia 28 de novembro há novo indicativo de greve geral da Sabesp, Metrô e CPTM.

Assista o ato público do lado de fora da Alesp: