Quase 130 mil filhos de imigrantes nasceram no Brasil em nove anos

Dados do Ministério da Justiça mostram que o nascimento de filhos de migrantes cresceu mais que o dobro de 2013 a 2021. Maioria das mães é venezuelana e haitiana.

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Pessoas migrantes tiveram 129,8 mil filhos no Brasil de 2013 a 2021, de acordo com o balanço apresentado, nesta quarta (6), pelo Observatório das Migrações Internacionais (OBMigra), vinculado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

A média anual, mostra que a evolução mais que dobrou no período observado. Em 2013, foram 8,5 mil nascimentos de filhos de migrantes no país e em 2021 alcançaram 20 mil nascimentos.

Os bolivianos lideram o ranking (21,3%), seguidos por haitianos (13,5%) e venezuelanos (12,3%). São famílias migrantes que fincaram raízes no Brasil de variadas maneiras e por variados motivos.

Segundo o relatório, a evolução dos nascimentos de filhos de mães imigrantes se deslocou de nações da região do Cone Sul, como Bolívia e Paraguai, para países que viveram uma crise migratória nos últimos anos, especialmente Venezuela e Haiti.

Em 2013, foram registradas mais de 8,5 mil crianças nascidas de mães imigrantes, a maioria bolivianas e paraguaias, seguidas por mulheres chinesas, que ficaram na terceira posição. Já em 2016, as mães haitianas superam as chinesas, situação que permanece até 2018. No ano seguinte, as venezuelanas passam a ocupar o primeiro posto, seguidas por haitianas e bolivianas.

Neste mesmo período, ao menos 1,5 milhão de registros de migrantes e solicitantes de refúgio foram compilados no país. Não é possível aferir quantos deles seguem no Brasil. Mas o número ajuda a dimensionar que, em média, 1 em cada 10 migrantes têm filhos no país.

O nascimento dos filhos ajudam os migrantes a se inserir no Brasil a despeito de todos os desafios que eles encaram, desde as dificuldades com a língua até mesmo a inserção na comunidade escolar e dos bairros.

Outro recorte feito no relatório divulgado nesta quarta-feira revela o número de casamentos de migrantes no Brasil. De 2013 a 2021, foram ao menos 66 mil. A maioria (quase 60%) dos matrimônios é entre mulheres brasileiras e parceiros migrantes.

Mercado de trabalho

O número de imigrantes no mercado formal de trabalho passou de cerca de 90 mil, em 2013, para 200 mil em 2022, segundo o relatório. As principais nacionalidades são venezuelanas, haitianas e paraguaias.

As principais áreas de inserção são o setor agronegócios, em linhas de produção de frigoríficos, seguidas por construção civil e setor de alimentação.

Refúgio

O relatório do OBMigra também traz um balanço sobre as solicitações de reconhecimento da condição de refugiado apresentado à Polícia Federal, que evoluiu tanto em números, quanto no perfil dos solicitantes. Em 2013, o número de solicitações foi um pouco inferior a 6 mil pedidos, destacando-se, pela ordem, as nacionalidades bengali, haitiana e senegalesa. Nos dois anos seguintes, os sírios surgiram com alguma relevância e, em 2016, a crise humanitária na Venezuela fez explodir o fluxo migratório para o Brasil.

No mesmo ano, cubanos e angolanos também apareceram na lista das principais nacionalidades em pedidos de refúgio. Na série histórica analisada, foram 210.052 solicitações de refúgio de venezuelanos, 38.884 de haitianos, 17.855 de cubanos e 11.238 de angolanos.

Em 2013, as mulheres contribuíam com somente 10,5% das solicitações. Já em 2022, no total da série histórica, a participação feminina alcançou 40% dos pedidos, sendo que entre venezuelanas e cubanas os percentuais ficaram acima da média, 45,9% e 46,8%, respectiva

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