Macri emplaca três nomes no governo Milei, que tem rascunho de pacote fiscal

Depois de Bullrich e Caputo, Santiago Bausili foi anunciado para o BC da Argentina e figura do ex-presidente Macri se fortalece mais. Milei já traçou algumas medidas, aponta jornal

A governabilidade de Javier Milei depende do apoio de Mauricio Macri e Patricia Bullrich, talvez até de alguns peronistas mais liberais.

A posse de Javier Milei como presidente da Argentina acontece no domingo (10), mas quem assume na verdade, segundo analistas políticos, é o ex-presidente Maurício Macri.

Ele já havia emplacado dois nomes nos futuros ministérios de Milei, sendo Patricia Bullrich, como ministra da Segurança, e Luis Caputo, na Economia. Ambos ocuparam ministérios também com Macri.

O terceiro nome ligado ao ex-presidente foi anunciado na terça-feira (6): Santiago Bausili será presidente do Banco Central da República Argentina.

Bausili ocupou com Macri as posições de subsecretário da Fazenda entre 2016 e 2017 e depois de secretário da Fazenda até 2019.

Com outro nome ligado ao mercado (Bausili já trabalhou no Deutsche Bank e JP Morgan), os planos de dolarização e fechamento do BC pelo presidente eleito ficam cada vez mais distantes.

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Com isso, mais uma vez, Milei contraria seus eleitores – ainda que tenha adotado um tom mais ameno e negociador do que se esperava -, indicando que o confronto com a velha política que tanto condenou ficou no período eleitoral.

Primeiras medidas

O jornal argentino Clarín divulgou parte do pacote que pode ser lançado por Milei no próximo domingo. São ao menos trezes medidas que se encontravam em um memorando que vem sendo elaborado. Entre as propostas consta a proibição do Banco Central de emitir e financiar o Tesouro, assim como a intenção de cortes em serviços públicos e congelamento de despesas.

No desenho inicial que circulou pela imprensa argentina as medidas estavam da seguinte forma:

  • Proibição ao Banco Central da Argentina de emitir e financiar o Tesouro.
  • Retirada gradual dos subsídios às tarifas entre janeiro e abril.
  • Não haverá obras públicas, exceto aquelas com financiamento externo.
  • Aumento de imposto sobre importações.
  • Prorrogação do Orçamento de 2023 para congelar os gastos – sem ajuste pela inflação
  • Suspensão de contribuições não reembolsáveis aos estados.
  • Congelamento de benefícios orçamentários para empresas privadas.
  • Os repasses para as universidades serão apenas pelos montantes e valores de 2023.
  • Liberação de preços de combustíveis e planos de saúde pré-pagos (desregulação)
  • Salários públicos ajustados à nova pauta orçamentária congelada.
  • Transferência da dívida das Leliqs (títulos emitidos pelo BC) para o Tesouro Nacional
  • As empresas públicas se tornarão sociedades anônimas para facilitar sua venda.
  • Desvalorização e fixação do dólar comercial em cerca de 600 pesos. Mas a taxa de câmbio oficial teria um acréscimo adicional de 30% do imposto PAIS. O novo valor – se o imposto for aplicado – ficaria em torno de 700 a 800 pesos.