Lanceiros Negros são imortalizados no Livro de Aço

Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião, e a educadora Dorina de Gouvêa Nowill também entraram para o livro

Cena de documentário sobre o Massacre de Porongos, quando lanceiros foram dizimados por tropas imperiais | Imagem: Reprodução TVE-RS

Os Lanceiros Negros, grupo de homens escravizados que desafiou as tropas imperiais durante a Guerra Civil Farroupilha, foram oficialmente inscritos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, também conhecido como Livro de Aço. A honra foi concedida pela Lei 14.795/2024, publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (8).

Os novos heróis brasileiros foram destacados por suas habilidades excepcionais, tanto na montaria quanto no manuseio das lanças que caracterizavam a frente dos batalhões revolucionários. Segundo o jornalista e autor do livro “Kamba’race: afrodescendências no exército brasileiro”, Sionei Ricardo Leão, a atuação dos Lanceiros Negros foi inédita, constituindo uma cavalaria de escravizados organizada e eficiente.

Leão ressaltou a eficiência da tropa montada de escravizados, considerando que tradicionalmente, cavalaria era associada a pessoas de maior status econômico, devido ao custo dos animais. “Os Lanceiros Negros surpreendem por serem uma tropa montada de escravizados com muita habilidade”, disse à Agência Brasil.

Para o pesquisador, o reconhecimento é crucial para a história da região, especialmente diante do episódio trágico do Massacre dos Porongos, quando cerca de 100 Lanceiros Negros desarmados foram traídos e fuzilados pelos próprios revolucionários, pouco antes da assinatura do tratado de paz.

Sionei destaca que a participação de escravos em guerras não era incomum no século 19, mas o destaque e heroísmo dos Lanceiros Negros merecem ser eternizados como justiça à memória desses homens que buscavam a liberdade, muitos dos quais foram enganados e não receberam o devido reconhecimento, sendo alguns mantidos como escravizados até a Lei Áurea.

Outras Homenagens

Além dos Lanceiros Negros, outros dois nomes foram adicionados ao Livro de Aço nesta segunda-feira: o renomado compositor e cantor pernambucano Luiz Gonzaga do Nascimento, conhecido como Rei do Baião, e a educadora e filantropa paulista Dorina de Gouvêa Nowill, que dedicou sua vida à promoção da acessibilidade e educação para pessoas cegas.

Livro de Aço

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, localizado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, já eternizou nomes como Zumbi dos Palmares, Zilda Arns, Carlos Gomes e Chico Mendes, representando um memorial que celebra aqueles que desempenharam papéis fundamentais na construção do Brasil.

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com agências

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