Maria Beatriz Nascimento é incluída no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria

A intelectual e ativista pelos direitos de negros e mulheres foi homenageada como uma das personalidades com papel fundamental na construção do Brasil

Maria Beatriz Nascimento foi uma historiadora, professora, roteirista, poeta e ativista pelos direitos humanos de negros e mulheres brasileira | Foto: Arquivo Nacional

O presidente Lula sancionou uma lei que inscreve o nome da renomada historiadora e ativista do feminismo negro, Maria Beatriz Nascimento, no ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’. A Lei 14.712/2023, publicada no Diário Oficial da União na última terça-feira (31), formalizou essa homenagem póstuma, reconhecendo seu legado significativo na história do país.

Nascida em Aracajú, Sergipe, no ano de 1942, filha de uma família de dez irmãos, Maria Beatriz se mudou para o Rio de Janeiro ainda na infância. Apesar das limitações financeiras, seu compromisso com a educação a levou a formar-se em história pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1971. Ela também lecionou na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro e começou um curso de mestrado em Comunicação Social, na UFRJ.

Beatriz dedicou duas décadas de sua vida à pesquisa das formações dos quilombos no Brasil e também empenhou-se em uma extensa investigação sobre o feminismo negro. Seu trabalho transcendeu disciplinas, abrangendo historiografia, literatura e produção audiovisual, desempenhando um papel fundamental na formação do pensamento negro brasileiro.

Em 1981, fundou o Grupo de Trabalho André Rebouças, enquanto realizava uma especialização latu sensu na Universidade Federal Fluminense (UFF), focada em sistemas alternativos organizados exclusivamente por negros. Seu impacto nas discussões sobre o racismo e a desigualdade racial no Brasil foi inegável.

No final dos anos 80, ela escreveu e narrou o documentário “Ôrí” (1989), que abordou a trajetória dos negros no Brasil e as lutas sociais travadas contra os mecanismos raciais legados pela herança escravagista. O filme documenta o renascimento do movimento negro entre 1977 e 1988.

Maria Beatriz Nascimento também se destacou como uma defensora do feminismo negro, analisando as práticas discriminatórias enfrentadas pelas mulheres negras em sua obra acadêmica. Em seu relatório, a senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), destacou sua importância, chamando-a de “expoente do feminismo negro.”

No entanto, a vida de Maria Beatriz foi tragicamente interrompida em janeiro de 1995, quando ela foi assassinada pelo companheiro de uma amiga, após aconselha-la a terminar o relacionamento devido às violências domésticas que sofria. Seu sepultamento ocorreu no cemitério São João Batista, no Rio, e contou com a presença de militantes do movimento negro brasileiro.

Com a inclusão de Maria Beatriz, o ‘Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria’ conta agora com 67 nomes ilustres, incluindo figuras como Zumbi de Palmares, Francisco José do Nascimento, Antonieta de Barros, Luiz Gama e Laudelina de Campos Melo.

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com informações do Senado Federal

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