Militares entregarão 15 mil cestas de alimentos aos yanomamis

Diretrizes da Operação Catrimani foram publicadas para a entrega das cestas até 31 de março. No final de 2023, cerca de 34 mil cestas estavam estocadas

Foto: Comando Militar da Amazônia

Nesta quinta-feira (18) foi publicada no Diário Oficial da União as diretrizes da Operação Catrimani, que será pela realizada pelas Forças Armadas após autorização do Ministério da Defesa.

A missão deverá entregar 15 mil cestas de alimentos na Terra Indígena Yanomami. O território em Roraima e que faz fronteira com a Venezuela tem cerca de 9,6 milhões de hectares, onde vivem cerca de 30,4 mil indígenas. As entregas devem ocorrer até 31 de março.

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Estão envolvidos Marinha, Aeronáutica e o Exército e as medidas fazem parte da assistência deliberada pelo governo em janeiro de 2023 e que foi reforçada pelo presidente neste ano. Nesse sentido, foi deliberado um investimento de 1,2 bilhão para políticas na terra a ser administrado por uma Casa de Governo que será criada em Boa Vista.

Avaliação

De acordo com a Folha, chegaram a ficar em depósito 34 mil cestas ao final de dezembro de 2023. Como forma de distribuir os alimentos, parte foi destinada a outras regiões do país, restando o montante que será entregue aos indígenas.

A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), quando começou a operação para distribuição de alimentos, calculou que deveriam ser entregues 9 mil cestas por mês, sendo 8,3 mil, por aeronaves. No entanto, a meta não chegou nem de perto de ser alcançada, sendo que somente em março e agosto mais de 5 mil cestas foram entregues. Nos outros meses a situação foi ainda pior.

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Para o jornal, o Ministério da Defesa destacou que entregou 766 toneladas de alimentos e materiais, compreendendo 36,6 mil cestas em 7,4 mil horas de voo. Na ocasião foram realizados 3.029 atendimentos de saúde e 205 evacuações dos enfermos, além da prisão de 165 pessoas suspeitas.

Apesar dos números, o indicativo é de que houve desmobilização por parte das Forças Armadas para as entregas, o que levou ao encalhe das cestas. A opinião é compartilhada pela presidente da Funai, Joenia Wapichana, que indicou que houve retirada de estruturas de armazenagem e abastecimento para aeronaves – situação que não deve voltar a acontecer, com a criação da Casa de Governo estabelecida por Lula.

Recursos

No mês de junho do ano anterior, reportagem da Agência Pública mostrou que os militares cobravam R$ 1,6 milhão do governo a cada dois meses para entregar pouco mais de 5 mil cestas. Sem os recursos extras os militares indicaram que não era possível realizar a tarefa.

Com base no Relatório da Operação Yanomami, destacado na Folha, desde março de 2023, quando 6.399 cestas de alimentos foram entregues (o ápice da operação), houve uma derrocada que coincide na cobrança em junho. Em abril foram 3.020, em maio 1.550, em junho 2.452.

A situação voltou a aumentar de maneira significativa nos meses de julho (4.517) e agosto (5.989), para voltar a cair em seguida alcançando a pior marca em dezembro de apenas 546 cestas entregues ao yanomamis e o consequente encalhe das 34 mil cestas de alimentos.

*Com informações Folha e Agência Pública