PF apreende celular de Carlos Bolsonaro e computador da ABIN em posse de militar

Novos mandados de busca e apreensão são cumpridos contra indivíduos ligados à ‘Abin paralela’, com foco em Carlos Bolsonaro e ex-diretor da agência, Alexandre Ramagem

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) | Foto-Alan Santos/PR

Na manhã desta segunda-feira (29), a Polícia Federal (PF) deu continuidade à Operação Vigilância Aproximada, cumprindo novos mandados de busca e apreensão contra indivíduos suspeitos de receber informações da chamada “Abin paralela”, acusada de monitorar ilegalmente autoridades públicas e indivíduos sem a devida autorização judicial.

A informação de que um computador da Agência Brasileira de Inteligência foi encontrado em poder do filho do ex-presidente não foi confirmada. Há a confirmação de que um celular de Carlos Bolsonaro foi apreendido. O computador foi encontrado na casa do militar Giancarlo Gomes Rodrigues, assessor de Alexandre Ramagem. A informação havia sido divulgadas pelo blog de Daniela Lima, apresentadora da “Conexão GloboNews”.

De acordo com as investigações, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria utilizado ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis para realizar vigilância sem autorização legal. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou as buscas, que incluem o filho do ex-presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, conhecido como “filho 02”.

As buscas foram realizadas em sua residência, localizada na Barra da Tijuca, no Rio, e em seu gabinete na Câmara Municipal. Imagens divulgadas pela GloboNews mostram a presença de pelo menos três viaturas da PF no local. O condomínio em que Carlos reside é o mesmo onde seu pai possui uma casa, embora o ex-presidente atualmente resida em Brasília. Segundo informações do G1, um computador da Abin foi apreendido na posse do vereador

Assessores do vereador também são alvos da operação, deflagrada na última quinta-feira (27), onde foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão. Entre os investigados está o deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin durante o governo Bolsonaro. A PF aponta Ramagem como um dos responsáveis por coordenar o esquema de espionagem ilegal, utilizando sua posição para “incentivar e encobrir” o uso de um programa espião.

Carlos Bolsonaro chegou a ser anunciado como gestor de comunicações de Ramagem para a candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro. Além disso, desempenhou papel ativo na campanha de seu pai em 2022. No entanto, no momento das buscas, segundo apuração da jornalista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Carlos não estava no Rio, encontrando-se em Angra dos Reis (RJ).

Neste domingo (28), Jair Bolsonaro promoveu uma live, juntamente com o filho Carlos e seus irmãos, Flávio e Eduardo, onde negou a existência da “Abin paralela” e defendeu Ramagem, classificando-o como “um cara fantástico”. Na mesma transmissão, o ex-presidente Bolsonaro reforçou que “tal da Abin paralela” não existiu e que nãop lhe “interessava” saber com quem o ministro do STF Gilmar Mendes ou o ex-deputado federal Rodrigo Maia se reuniam, ambos supostamente alvos da “Abin Paralela”.

Esta não é a primeira vez que o nome da família Bolsonaro é associado a polêmicas envolvendo o uso indevido de órgãos públicos para interesses pessoais ou políticos. A investigação em curso busca esclarecer os detalhes do suposto uso irregular da Abin, levantando questões sobre a legalidade das práticas de vigilância adotadas pela agência de inteligência nesse período.

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