Justiça chilena determina reabertura de investigação sobre morte de Neruda

Hipótese é que o poeta comunista possa ter sido assassinado, por envenenamento, pela ditadura de Augusto Pinochet. Estudo de 2017 apontou presença de toxina em seu corpo

Pablo Neruda (1966). Foto: Wikipedia

A suspeita morte do poeta Pablo Neruda voltará a ser investigada após decisão da Justiça do Chile tomada nesta semana. Uma das principais hipóteses para a morte do escritor é de que ele tenha sido assassinado por envenenamento, aos 69 anos,  pela ditadura de Augusto Pinochet, em 1973. 

De acordo com a sentença, a reabertura do caso pode “contribuir para o esclarecimento dos fatos”. A versão oficial é que Neruda, que foi Prêmio Nobel de Literatura em 1971, teria sido vítima de um câncer de próstata logo após o golpe militar, em 23 de setembro de 1973. Com a instalação do regime ditatorial, ele planejava deixar o Chile.

A possibilidade de assassinato só começou de fato a ser investigada em 2011, depois que seu ex-motorista, Manuel Araya, disse à imprensa que o poeta poderia ter sido envenenado. Ele teria recebido uma ligação do escritor do hospital em que estava internado, feita horas antes de morrer, dizendo que uma injeção fora aplicada enquanto dormia.

Estudo realizado em 2017 mostrou a presença da bactéria que produz a toxina causadora de botulismo em grande quantidade no organismo de Neruda, o que seria um indicativo de envenenamento.

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Além de grande poeta, Neruda era um atuante ativista político. Foi membro do Comitê Central do Partido Comunista do Chile, senador e pré-candidato à presidência, mas abriu mão da candidatura para apoiar Salvador Allende. Na ocasião justificou dizendo que “ambos eram socialistas e acreditavam em uma América Latina mais justa”.

Em julho de 1945, durante um comício do Partido Comunista do Brasil no estádio Pacaembu, na capital paulista, Neruda leu o poema Mensagem que ele escreveu em homenagem ao partido. A obra viria a ser publicada cinco anos depois no livro “Canto Geral”.

Com agências 

(PL)

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