No Senado, chanceler brasileiro reitera posição de Lula sobre Israel

Vieira disse que as declarações foram em contexto de “profunda indignação” e no sentido de valorizar “o valor supremo que é a vida humana”

Mauro Vieira na Comissão de Relações Exteriores do Senado (Foto: Pedro França/Agência Senado)

Em audiência nesta quinta-feira (14), na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre Israel foram num contexto de “profunda indignação” e expressam sinceridade no de sentido de valorizar “o valor supremo que é a vida humana”.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente durante a entrevista coletiva que encerrou sua viagem à Etiópia.

Depois, já no Brasil, Lula voltou a se posicionar sobre o conflito: “O que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio. Porque está matando mulheres e crianças.”

Vieira afirma que o próprio secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, aliado de Israel, tratou a fala como compreensível e motivada pelo desejo do brasileiro ver acabar o sofrimento das pessoas, com o que ele concorda.

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O chanceler também lamentou os 32 mil mortos e 73 mil feridos em Gaza, 70% dos quais mulheres e crianças.

“Do lado israelense, além dos 1.112 mortos do ataque terrorista do Hamas em outubro, já morreram 251 soldados. Quantas vidas mais serão perdidas até que todos atuem para impedir o morticínio em curso? É nesse contexto de profunda indignação que se inserem as declarações do presidente Lula, são palavras que expressam a sinceridade de quem busca preservar e valorizar o valor supremo que é a vida humana”, disse Vieira.

Por conta dessa situação, segundo o chanceler, que o Brasil apoiou o processo iniciado pela África do Sul perante a Corte Internacional de Justiça, que busca avaliar se o governo de Israel estaria violando a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio.

“Os juízes acolheram a demanda e reconheceram a plausibilidade de que um genocídio estaria em curso. Por esse motivo, a Corte de Haia emitiu, no dia 26 de janeiro, medidas cautelares que demandam que Israel tome todas as medidas ao seu alcance para impedir a prática de todos os atos considerados como genocídio, para evitar danos irreparáveis”, disse.

Ele também ressaltou que essas medidas cautelares são de implementação imediata e obrigatória, porém, até o momento, não há registro de alterações da condução das operações militares levadas a cabo na Faixa de Gaza.

“Pelo contrário: temos ouvido declarações, cada vez mais recorrentes, de altas autoridades do atual Governo de Israel que passaram a falar abertamente de ocupação de Gaza, de deslocamento forçado de sua população e que jamais aceitarão a constituição de um Estado palestino”, lamenta.

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