Após tragédia, governo quer se antecipar aos desastres climáticos

A ideia é que um plano seja apresentado já nas próximas semanas e está no foco a criação de uma nova autarquia para tratar do problema

Bairro Praia do Laranjal em Pelotas (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Por causa da tragédia no Rio Grande do Sul, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentará uma política mais consistentes de mitigação e adaptação aos eventos climáticos extremos em todo o país.

De acordo com a reportagem do Valor desta segunda-feira (27), a ideia é que um plano seja apresentado já nas próximas semanas e está no foco a criação de uma nova autarquia para tratar do problema.

A decisão tomou como base os dados do Adapta Brasil, plataforma do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Eles revelam que nos estados do Sul, onde a capacidade adaptativa aos eventos é mais elevada, a situação é crítica.

No Norte e Nordeste, por sua vez, além dos Estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, apresentam índice de capacidade adaptativa “baixo”. Ou seja, o risco para a população é maior ainda.

O plano está sendo coordenado pela Secretaria de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente e deve ser anunciado e detalhado em algumas semanas.

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O governo já trabalhava com sete planos setoriais de mitigação e 15 de adaptação. A previsão era de que as estratégias nacionais entrem em consulta pública no segundo semestre, e que os planos setoriais sejam lançados no início de 2025.

“O Brasil definirá sua nova meta climática para 2035, a partir da estratégia mais custo-efetiva de descarbonização da economia como um todo, considerando todos os setores que emitem gases de efeito estufa. A nova estratégia garantirá também um novo ciclo de prosperidade socioeconômica e uma transição justa aos mais vulneráveis”, afirmou a secretária nacional de Mudança do Clima do MMA, Ana Toni.

De acordo com a pasta do Meio Ambiente, o Plano Clima foi instituído em 2009 para executar a Política Nacional de Mudança do Clima, mas foi abandonado pelo governo Bolsonaro.

“A iniciativa foi retomada em 2023 pelo presidente Lula, e sua atualização foi determinada por resolução de setembro do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM). O processo de atualização do Plano Clima é colaborativo, e oficinas e reuniões para ouvir diferentes setores da sociedade são realizadas desde o ano passado”, diz nota da pasta.

O presidente do Instituto Socioambiental, Márcio Santilli, diz que o país está muito atrasado na adaptação climática, porém o governo está fazendo a lição de casa ao reduzir o desmatamento na Amazônia e assumir o seu protagonismo na política climática mundial.

“A COP-30, reunião da ONU sobre o tema, será realizada em Belém, Pará, no final de 2025, e o Brasil deve chegar lá com emissões em redução e condições de cobrar dos demais emissores globais o cumprimento das suas metas. Porém, novas frentes de produção de petróleo estão sendo abertas, inclusive na Amazônia, e o ‘Pacote da Destruição’ nos ameaça”, escreveu em artigo.

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