Leci Brandão recebe honraria por contribuição social e cultural

Deputada estadual e ícone cultural, Leci é reconhecida por sua atuação em prol da igualdade racial e defesa das tradições afro-brasileiras

Foto: reprodução/PT Alesp

Nesta quarta-feira (5), a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP) foi agraciada com o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, uma das mais altas distinções concedidas pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). A honraria reconhece indivíduos que contribuíram significativamente para o desenvolvimento social, cultural e econômico do estado.

“É difícil conter a emoção e falar sobre todas as pessoas que nos impulsionaram a chegar até aqui. Eu agradeço, só agradeço”, escreveu Leci em suas redes sociais.

Leci Brandão | Foto: PT Alesp

Primeira mulher negra a ser reeleita para o quarto mandato na Alesp, a cantora e compositora Leci Brandão destacou-se nas eleições de 2022 com a maior votação de sua carreira política. Como parlamentar, ela tem se dedicado à promoção da igualdade racial, ao combate ao racismo religioso e à defesa das tradições de matriz africana, além de atuar em prol da educação, cultura popular brasileira, direitos das mulheres e da população LGBTQIA+. Atualmente, é ouvidora da Casa e integra as comissões permanentes de Educação e Cultura e de Assuntos Desportivos.

Segunda mulher negra a ingressar no Legislativo paulista, sucedendo a professora e advogada Teodosina Ribeiro após quase 30 anos, Leci considera seu mandato uma missão oriunda de sua ancestralidade. Sua atuação parlamentar é fortemente influenciada pelas religiões afro-brasileiras, uma sabedoria herdada de sua mãe, Lecy. “Continuarei cumprindo esta missão com as bençãos de Deus, de meus Orixás e de minha querida mãezinha, Dona Lecy, que Deus a tenha em bom lugar”, afirmou Leci.

Em entrevista ao jornal O Globo no ano passado, às vésperas de completar 80 anos, Leci falou sobre sua trajetória de vida: “Sempre trabalhei, fui operária de fábrica, telefonista, morei em três escolas públicas porque minha mãe era servente de colégio e a gente não tinha condições de pagar. Em compensação, a gente varria muita sala de aula. Eu, filha única, ajudava muito a minha mãe nesses aspectos. Fico feliz com o que eu fiz porque trouxe felicidade para o nosso país. Muitas famílias falaram meu nome para os seus, isso me comove”.

Batizado de Quilombo da Diversidade, seu gabinete já propôs mais de 200 projetos, dos quais 50 se tornaram leis. Entre os destaques estão a legislação que pune a discriminação religiosa administrativamente e as leis que incorporam os dias de Ogum e Yemanjá no calendário oficial de São Paulo, além de reconhecer o hip-hop como patrimônio material e cultural do estado.

Na música, Leci Brandão lançou 25 álbuns, incluindo três compactos e dois DVDs. Em 2018, foi premiada como a melhor cantora de samba pelo Prêmio da Música Brasileira com o álbum “Simples Assim”. Além de cantora, foi comentarista dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo pela TV Globo e a primeira mulher negra e homossexual a integrar a ala de compositores da Estação Primeira da Mangueira.

Perto de completar 50 anos de carreira artística em 2025, Leci Brandão continua sendo uma figura inspiradora, especialmente para as mulheres negras, tanto na arte quanto na política brasileira. Sua trajetória é um testemunho de resistência, luta e dedicação ao fortalecimento das tradições culturais e dos direitos humanos, seja na política paulista ou do Brasil.

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com agências

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