Candidato a presidente quer Ubes como megafone

Hugo Silva diz que a gestão vai começar passando nas salas de aula pelo fim do Novo Ensino Médio e a militarização das escolas

O candidato a presidente da Ubes, Hugo Silva, esteve na linha de frente da resistência à aprovação na Assembleia Legislativa de São Paulo, da militarização das escolas.

A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) está a todo vapor na preparação para a 45ª edição do Congresso Nacional da UBES (Conubes), que acontecerá de 14 a 16 de junho no Mineirinho, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O evento promete ser um marco importante para a mobilização estudantil no Brasil, em meio ao segundo ano do Governo Lula e as disputas contra o bolsonarismo golpistao. Esta é a expectativa de Hugo Silva, candidato à Presidência da entidade.

“Este será o primeiro congresso da UBES após a eleição do Lula e a derrota do Bolsonaro. Estamos com uma intenção boa de mobilizar muita gente para planejar nossos próximos passos,” diz Hugo. “Depois de todas as nossas mobilizações, como a campanha eleitoral e o movimento contra o Novo Ensino Médio, temos muito para avaliar e planejar para o futuro.”

A expectativa é que mais de 5 mil estudantes participem do congresso. Ele destaca a importância desse encontro para a compreensão e a coesão das pautas estudantis. “Este congresso é um encontro de estudantes de todo o país e é essencial para entendermos que não estamos sozinhos em nossas lutas, como a falta de água nas escolas, ou de professores ou a ausência de passe livre na cidade,” afirma. “É uma oportunidade de planejar soluções coletivas para esses problemas.”

Enterrar o Novo Ensino Médio

O líder estudantil destaca que uma das principais prioridades da nova gestão será a completa erradicação do Novo Ensino Médio, um modelo curricular que bagunçou as escolas secundaristas. “Nossa agenda prioritária, agora, no início, é enterrar de vez o Novo Ensino Médio, seja no Congresso Nacional, seja nos estados que já estão se movimentando para configurar os seus próprios projetos de destruição da escola pública”.

“Queremos começar essa gestão passando em cada sala de aula, em cada estado, para ampliar nossa política e deixar claro que não aceitaremos o Novo Ensino Médio, a militarização ou a privatização das escolas,” afirma. Ele ressalta que a intenção é fortalecer o movimento estudantil e garantir que essas políticas não prosperem.

O Conubes também servirá para unificar as pautas regionais, considerando as diferenças entre governos estaduais progressistas e conservadores. “Nossa ideia é construir uma nova escola, um modelo escolar onde caibam nossas individualidades, onde possamos praticar esportes, cultura, ciência e tecnologia,” explica Hugo. Ele enfatizou a necessidade de enfrentar os desafios impostos por governos estaduais conservadores, como em São Paulo e Paraná, que têm tentado implementar a militarização e privatização das escolas, servindo como laboratórios de políticas educacionais reacionárias.

Estratégias de enfrentamento

A UBES planeja usar sua voz como um “megafone” para denunciar as práticas autoritárias e destrutivas contra a educação pública. O estudante destaca ações passadas, como a oposição à militarização das escolas em São Paulo ou a ocupação de salas de aulas, como exemplos de resistência. “Nossa contribuição será acompanhar e denunciar diariamente as políticas que prejudicam a educação,” afirma.

Hugo mencionou quando participou, em São Paulo, uma ação da Ubes de acompanhamento da votação da militarização das escolas. “Tentamos barrar essa militarização, que foi respondida com muita violência. E, mesmo assim, continuamos ali acompanhando a votação. Eu acho que a nossa grande contribuição com esses estados que são tão conservadores e querem destruir a nossa educação, é acompanhar o dia a dia do estado e saber o que acontece nessas escolas”.

O líder estudantil reconhece que o Brasil enfrenta um processo histórico em que a população brasileira perdeu o sentimento de pertencimento. “Isso é intencional, óbvio, depois de quatro anos de quase fascismo no Brasil, a gente perdeu o sentimento de pertencimento, de que o bem público é nosso. Então, a Ubes tem essa vontade, esse desejo de resgatar esse sentimento nos estudantes. Caraca, essa escola é nossa! A gente precisa tomar as ordens das decisões”.

Para isso, ele conta com o sentimento de esperança que se deposita no Governo Lula. Hugo discute os avanços durante a gestão do governo Lula, como o reajuste da merenda escolar e a ampliação dos institutos federais, recomposição orçamentária, o Fundeb permanente. No entanto, ele completa que há muito a ser feito. “Temos escolas no Brasil com estruturas muito precárias. Recentemente, no Rio de Janeiro, teve uma imagem de escola que estava sem cadeiras, com os alunos sentados em caixotes. Isso a gente não pode naturalizar. A valorização da escola pública será uma pauta muito cara para nós,” diz.

Sobre o candidato

Hugo Silva é estudante do Instituto Federal de São Paulo e tem uma trajetória marcada por engajamento na educação. Nascido em Campos de Goitacazes, no Rio de Janeiro, ele participou de programas de iniciação científica e teve sua pesquisa premiada, chegando a participar de um programa na NASA, em 2022. Como diretor de Escolas Técnicas da Ubes, ele organizou o maior encontro nacional de escolas técnicas no ano passado.

O 45º Conubes promete ser um evento fundamental para o movimento estudantil no Brasil, servindo como plataforma para discutir e planejar um novo modelo de educação pública. Hugo concluiu com uma mensagem que demarca seu sonho: “Fazer a ponta do lápis chegar antes da ponta do fuzil.” Este slogan reflete o compromisso da UBES em lutar por uma educação de qualidade e contra a violência que afeta a juventude nas periferias.

O Conubes será uma oportunidade para os estudantes de todo o país se unirem em torno de um projeto comum, fortalecendo a luta pela valorização e melhoria da educação pública no Brasil.

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