Lula diz que Brasil está pronto para Acordo de Livre Comércio com a União Europeia

A conclusão do acordo agora dependeria apenas da conclusão das eleições da Assembleia Nacional na França, antecipadas para o final de junho

O presidente Lula durante entrevista coletiva na Itália. Foto Ricardo Stuckert

No último dia de sua visita oficial à Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou em uma coletiva de imprensa neste sábado (15) que o Brasil está preparado para assinar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo Lula, a conclusão do acordo agora depende apenas da conclusão das eleições da Assembleia Nacional na França, antecipadas para o final de junho após a dissolução do Parlamento pelo presidente Emmanuel Macron.

“Estamos certos de que o acordo será benéfico para a América do Sul, Mercosul e para os empresários e os governos da União Europeia”, afirmou Lula, destacando a importância do tratado durante sua participação na cúpula do G7, realizada na região da Puglia. “Brasil e França vão mudar de patamar de negociação nos próximos anos”, previu o presidente, após debates com Macron sobre as eleições para o Parlamento Europeu e outras questões de interesse mútuo.

A visita de Lula à Itália reforçou o compromisso do Brasil com o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, além de promover discussões significativas sobre governança global, desigualdade e transição energética. O presidente também destacou a importância da cooperação internacional para resolver conflitos e promover o desenvolvimento econômico.

Lula ressaltou a importância de aumentar o comércio exterior para melhorar o fluxo na balança comercial. “É preciso aumentar a rentabilidade de cada país, o comércio exterior, o fluxo na balança comercial e quem trata disso é empresário, não é governo”, afirmou. Ele enfatizou que os governos abrem as portas, mas são os empresários que fazem os negócios.

Taxação dos super-ricos e governança global

Lula também aproveitou a oportunidade para discutir a proposta de taxação dos super-ricos, que sugere uma taxa global mínima de 2% sobre a riqueza dos bilionários, afetando aproximadamente 3 mil pessoas em todo o mundo. “Eu convidei todos para entrarem na briga contra a desigualdade, contra a fome e contra a pobreza”, declarou, criticando a concentração extrema de riqueza.

Além disso, o presidente reiterou a necessidade de uma reforma na governança global, tema central de sua presidência no G20. Ele convidou os líderes globais a participarem do lançamento do Programa Nacional de Combate à Fome e à Pobreza, em julho, no Rio de Janeiro.

Os líderes europeus mostraram-se flexíveis quanto à necessidade de mudanças na governança internacional, incluindo a revitalização da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a inclusão da China no grupo. Lula destacou que a necessidade de mudança na governança mundial nunca esteve tão clara, mencionando a modificação do Conselho de Segurança da ONU e a participação de diversos continentes nas decisões globais.

Outro tema discutido foi a transição energética, com ênfase na utilização de minerais críticos. Lula destacou que os países ricos estão dispostos a ajudar as nações com esses recursos a realizarem o beneficiamento em seus próprios territórios, garantindo maior valor agregado. “É uma inovação muito grande e isso é unânime no G7. Vai ajudar muito o Brasil e os países africanos, que terão que financiar um processo de industrialização”, afirmou.

Conflito e Conselho de Segurança da ONU

Embora não tenha abordado a guerra entre Israel e Hamas em seu discurso oficial, Lula criticou a inflexibilidade do governo israelense, afirmando que “o primeiro-ministro de Israel [Benjamin Netanyahu] não quer resolver o problema, ele quer aniquilar os palestinos”. O presidente reiterou a necessidade de uma mudança no Conselho de Segurança da ONU para resolver conflitos no Oriente Médio, defendendo a implementação das decisões territoriais de 1967.

Em reunião com a presidenta da Suíça, Viola Amherd, Lula informou que o Brasil e a China estão desenvolvendo uma proposta de conciliação para a paz entre Rússia e Ucrânia. Ele sublinhou a importância de uma negociação efetiva para alcançar a paz.

Brasil e Itália

Lula também se encontrou com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, destacando a relação histórica entre os dois países e convidando-a a visitar o Brasil. “Eu tentei mostrar para ela o histórico da relação entre Brasil e Itália e a importância de ela ter contato com os quase 230 mil italianos que moram no Brasil”, disse, mencionando as mais de 1,4 mil empresas italianas que investem no país e geram mais de 150 mil empregos.

O presidente Lula (PT) disse que cobrou a italiana Enel pelos problemas de distribuição de energia no Brasil e recebeu um compromisso de aumento de investimento para R$ 20 bilhões em três anos. Responsável pela distribuição da energia em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, a empresa virou alvo do Ministério Público após uma série de problemas que deixaram parte da capital paulista sem luz por diversos dias.

“Ao invés de investirem R$ 11 bilhões, vão investir R$ 20 bilhões nos próximos três anos, prometendo que não haverá mais apagão em nenhum lugar em que ele for responsável pela energia”, disse o presidente, em entrevista coletiva após o G7.


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