Maioria dos porto-alegrenses desaprova prefeito e governador do RS

Após enchentes, pesquisa mostra que prefeito Sebastião Melo (MDB) e governador Eduardo Leite (PSDB) são igualmente rejeitados por 59% dos moradores da capital gaúcha

Porto Alegre inundada pelas águas do Guaíba. Foto: Gilvan Rocha/Agência Brasil

A maioria dos cidadãos de Porto Alegre, 59%, desaprova as gestões do prefeito Sebastião Melo (MDB) e do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Feita sob o impacto das enchentes que afetaram a capital e boa parte dos municípios gaúchos, a pesquisa AtlasIntel/CNN parece refletir o sentimento da população tanto em relação à falta de políticas preventivas, o que acabou agravando a catástrofe, quanto no que diz respeito às medidas tomadas diante das inundações. 

No caso da avaliação do prefeito, 59% desaprovam, 37% aprovam e 4% não sabem dizer.  As mulheres são as mais críticas, com 63,3%, assim como a faixa dos 25 a 34 anos, com quase 77%. Os que têm ensino superior, com 69%, os agnósticos ou ateus, 80%, e os de renda acima de R$ 10 mil também estão entre os que mais desaprovam Melo. 

Do lado oposto, dentre os que aprovam, estão os homens (42,6%), as pessoas com mais de 60 anos (43,4%), os que têm ensino fundamental completo (72,7%), os católicos (49,3%) e evangélicos (44,3%) e as pessoas que recebem entre R$ 2 mil e R$ 3 mil (53,5%). 

Já o governador Eduardo Leite é rejeitado por 59% dos porto-alegrenses e aprovado por 31%, enquanto 10% não sabem dizer. Também neste caso, as mulheres são as mais críticas, com 60%, assim como as pessoas com idade entre 35 e 44 anos. No recorte por escolaridade, Leite tem pior avaliação entre as pessoas com o fundamental completo e, no caso da preferência religiosa, os mais críticos estão no grupo de outras religiões — o que não abarca nem católicos, nem evangélicos. 

Leia também: A tragédia do Rio Grande do Sul: desastre natural ou social?

O tucano tem melhor aprovação entre os homens (36,6%), os mais jovens, na faixa entre 16 e 24 anos (46,6%), entre os que têm o ensino médio completo (32,5%) e evangélicos (35,3%). 

Realizada entre os dias 9 e 14 de junho, a pesquisa parece refletir como a população de Porto Alegre encara a atuação de Melo e Leite antes e durante a calamidade. Desde que as chuvas tiveram início, no final de abril e se estenderam pelo mês de maio, uma série de denúncias vieram à tona mostrando, por exemplo, o descaso do tucano com a questão ambiental e preventiva. 

Da mesma forma, a gestão do emedebista não foi capaz de manter o sistema anti-enchentes de Porto Alegre em bom estado de conservação e demorou no trabalho de escoamento e limpeza da cidade, sobretudo em bairros como o Sarandi e Humaitá, dois dos mais atingidos. 

Leia também: Reconstrução do RS depende da mão do Estado e do diálogo com a população

Na avaliação da deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB), o levantamento “fala muito sobre os efeitos da ausência da prefeitura e do governo do estado”. Ela acrescentou que “são mais de 50 dias de incerteza e descaso. Em um dos momentos que a população mais precisou do poder público, esse se mostrou omisso. Infelizmente, essa foi mais uma evidência de uma lógica onde quem perde somos cada uma e cada um de nós. Melo e Leite são nocivos ao povo e a falta de políticas efetivas tem dificultado cada vez mais a nossa existência com dignidade”. 

Para o vereador Giovani Culau (PCdoB), “a população reconhece o abandono do governo Melo, especialmente frente à calamidade pública. O negacionismo e a falta de compromisso com o povo resultaram no desastre que vivemos”. 

A pesquisa entrevistou 1.798 eleitores da capital gaúcha, via recrutamento digital aleatório.

Com agências