Fase “menos intensa” em Gaza é prenúncio de uma nova guerra de Netanyahu

Tanques são vistos em estradas ao norte de Israel, onde o conflito com o Hezbollah se intensifica. Netanyahu tenta guerra permanente para se livrar da Justiça

O premiê Benjamin Netanyahu cumprimenta seu ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir (Foto: Reprodução)

A fase “menos intensa” do massacre em curso na Faixa de Gaza, anunciado por Tel Aviv neste domingo (23), é prenúncio de uma nova guerra liderada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e sua coalizão de extrema-direita.

Com o estado de guerra, Netanyahu tenta permanecer no poder e escapar da Justiça de Israel e das cortes internacionais.

Nesta segunda (24), o premiê israelense disse estar comprometido com a proposta de cessar-fogo com o Hamas na Faixa de Gaza, o que possibilitaria a troca de reféns. A declaração converge com a entrevista dada por Netanyahu ao Canal 4, uma emissora de Israel, no dia anterior, em que ele afirmou que “a fase intensa de combate ao Hamas está prestes a terminar”.

“Depois que a fase intensa terminar, teremos a possibilidade de mover parte das forças para o norte. E faremos isso. Em primeiro lugar, para fins defensivos. E, em segundo lugar, para trazer nossos residentes [evacuados] para casa”, disse.

Ao norte de Israel, na fronteira ao sul do Líbano, o confronto entre as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) e a facção islâmica Hezbollah já não pode ser considerado marginal.

No começo desta semana, a IDF fez uma série de ataques aéreos com caças em diversas cidades da região fronteiriça, atingindo alvos militares do Hezbollah nas cidades de Khiam, Ramyeh e Aalma El Chaeb.

A ofensiva foi uma resposta ao lançamento de um míssil antitanque lançado do Líbano na noite de domingo (23) e que deixou dois soldados israelenses feridos. O Hezbollah assumiu a responsabilidade pelo ataque.

Na última terça (18), o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, de extrema-direita, anunciou em um comunicado no X, antigo Twitter, que o Estado judeu está “chegando muito perto do momento de decidir mudar as regras do jogo contra o Hezbollah e o Líbano”.
“Em uma guerra total, o Hezbollah será destruído, e o Líbano seria severamente espancado”, acrescentou.

Sabendo das intenções da ala ultraortodoxa e de extrema-direita da coalizão de Netanyahu, os EUA alertaram nesta terça que uma guerra contra o Hezbollah libanês poderia provocar um conflito regional. O Canadá pediu a seus cidadãos que deixem o Líbano “enquanto podem”.

“Uma guerra entre Israel e o Hezbollah poderia facilmente tornar-se uma guerra regional, com consequências desastrosas para o Oriente Médio”, alertou o ministro da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, ao receber o seu homólogo israelense, Yoav Gallant, no Pentágono.

Os alertas americanos, no entanto, esbarram na ficha criminal de Netanyahu que não pode sair do poder se quiser se manter livre da cadeia.

O premiê é acusado de corrupção, fraude e abuso de confiança. Netanyahu é suspeito de ter recebido presentes avaliados em quase 200.000 dólares de personalidades ricas. O chefe de Governo teria recebido os presentes na forma de charutos, garrafas de champanhe e joias, entre 2007 e 2016.

Os aliados de extrema-direita chegaram a criticar a retomada das audiências enquanto prossegue a guerra na Faixa de Gaza.

Por isso, para manter aglutinado o apoio da coalizão que o sustenta no poder, em breve, Netanyahu retirará a maioria das tropas que reduziram a pó a Faixa de Gaza, para realoca-los no próximo campo de batalha, no Líbano, contra o Hezbollah.

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