Trabalhadores paralisam 36 portos da Costa Leste dos EUA

Às vésperas das eleições, movimento dos trabalhadores afeta desembaraço de metade do comércio externo do país. Sindicatos exigem reajuste salarial.

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Trabalhadores portuários da costa leste e do Golfo do Estados Unidos entraram em greve nesta terça (1) parando os serviços em ao menos 36 portos. A paralisação interrompe o fluxo de importações e exportações do país e pode se tornar a greve mais perturbadora em décadas.

O movimento pode repercutir na maior economia do mundo e causar turbulência política a poucas semanas da eleição presidencial.

Os 36 portos afetados têm a capacidade combinada de lidar com até metade de todo o volume de comércio dos EUA, e as paralisações interrompem imediatamente as operações de contêineres e embarques de automóveis. Suprimentos de energia e cargas a granel não serão diretamente afetados. Algumas exceções serão feitas para permitir o movimento de bens militares e navios de cruzeiro.

Segundo analistas, custará cerca de US$ 5 bilhões (R$ 27,32 bilhões) por dia à economia, e deve dar gás à inflação dos produtos.

O sindicato ILA (Associação Internacional dos Estivadores, na sigla em inglês), que representa 45 mil trabalhadores portuários, estava negociando com o grupo patronal USMX (Aliança Marítima dos Estados Unidos, na sigla em inglês) um novo contrato de seis anos antes do prazo final de 30 de setembro à meia-noite.

A ILA disse em um comunicado nesta terça-feira que fechou todos os portos do Maine ao Texas às 0h01 (horário local) e rejeitou a proposta final da USMX feita na segunda-feira (30), acrescentando que a oferta ficou “muito aquém das exigências de seus membros para ratificar um novo contrato”.

O líder da ILA, Harold Daggett, disse que os empregadores não têm oferecido aumentos salariais adequados ou não concordaram com as exigências de interromper os projetos de automação portuária. A USMX informou em um comunicado na segunda-feira que havia oferecido um aumento salarial de quase 50%, acima de uma proposta anterior.

“Estamos preparados para lutar pelo tempo que for necessário, para permanecer em greve pelo tempo que for preciso, para obter os salários e as proteções contra a automação que nossos membros merecem”, disse Daggett nesta terça-feira.

“O USMX é o dono dessa greve agora. Agora eles precisam atender às nossas exigências para que a greve termine.”

Os trabalhadores portuários são apenas o mais recente grupo sindicalizado a apoiar suas demandas por melhores contratos ao interromperem o trabalho, demonstrando seu valor tanto para a economia nacional quanto para o resultado financeiro de seus empregadores.

Sindicatos representando trabalhadores automotivos, atores, camareiras de hotel e montadores de aeronaves também convocaram greves nos últimos meses. Os membros dos sindicatos argumentaram que fizeram os sacrifícios exigidos por suas empresas durante a pandemia e períodos econômicos difíceis, e agora é hora de compensar, especialmente após vários anos de inflação elevada.

Entre 2022 e 2023, o número de paralisações aumentou 9%, com um total de 466 greves e quatro lockouts, de acordo com números fornecidos pela Escola de Relações Industriais e Trabalhistas da Universidade Cornell. No entanto, o número de trabalhadores envolvidos em paralisações, aproximadamente 539 mil, foi mais que o dobro do ano anterior, segundo a pesquisa da universidade.

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