Marcelo Oliveira (PT) é reeleito prefeito de Mauá (SP)

Líder sindical e militante do PT, Oliveira venceu Atila Jacomussi (União) no segundo turno e garantiu ao partido a maior prefeitura do estado de São Paulo

Lula de mãos dadas com Marcelo Oliveira rumo à vitória do PT em Mauá

Marcelo Oliveira (PT) foi reeleito prefeito de Mauá neste domingo (27), derrotando Atila Jacomussi (União Brasil) em uma disputa marcada pela influência de lideranças nacionais e pelo histórico de embates entre os dois candidatos. Com 54,05% dos votos válidos (102.115 votos), Oliveira superou Jacomussi, que obteve 45,95% (104.556 votos). A cidade, que já teve prefeitos do PT em seis das últimas oito eleições, reafirma assim sua preferência histórica pelo partido em um cenário regional que, neste ano, tem sido dominado pela centro-direita.

Desde que a reeleição foi permitida no Brasil, em 1997, apenas dois prefeitos conseguiram a façanha em Mauá: Oliveira e Oswaldo Dias (PT), reeleito em 2000. Para o novo mandato, Oliveira terá como vice o Juiz João (PSD), reforçando uma aliança que incluiu nomes estratégicos da esquerda e centro-esquerda na região.

Campanha marcada por apoio de Lula e polarização regional

No primeiro turno, Oliveira liderou com 45,13% dos votos, enquanto Jacomussi teve 35,56%. Outros candidatos, incluindo Sargento Simões (PL), Zé Lourencini (PSDB) e Amanda Bispo (UP), também disputaram, mas não alcançaram o segundo turno. A disputa esquentou com o apoio declarado do presidente Lula, que esteve em Mauá em 20 de outubro ao lado de lideranças petistas como os ministros Paulo Teixeira, Luiz Marinho e Alexandre Padilha, e da primeira-dama Janja. No comício, Lula destacou programas como o Mais Médicos e o Pé-de-Meia e pediu ao eleitorado que “desse Marcelo de presente” no dia de seu aniversário, em 27 de outubro.

Jacomussi, atual deputado estadual e ex-prefeito de Mauá, tentou recuperar a administração da cidade após ser derrotado em 2020, quando perdeu para Oliveira por uma diferença de apenas 3.000 votos. Com o apoio do União Brasil, ele trouxe para a campanha um tom de crítica à gestão petista, focando em propostas de modernização administrativa e segurança pública.

Um líder sindical e popular de trajetória sólida

Nascido e criado em Mauá, Oliveira, de 54 anos, é filho de migrantes cearenses que vieram para São Paulo em busca de melhores condições de vida. Sua carreira começou no comércio local e como motofretista, antes de ingressar na General Motors (GM) em 1994, onde iniciou sua militância sindical. Como membro da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (Cipa) na GM, atuou em defesa da segurança do trabalho por seis mandatos, sendo vice-presidente em dois deles.

Graduado em processos de produção e com pós-graduação em políticas públicas, Oliveira foi eleito diretor executivo da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT-SP em 2004 e, em 2007, assumiu o cargo de diretor social do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, onde foi reeleito três anos depois. Em 2008, ele se tornou o vereador mais votado da história do PT em Mauá, e seu desempenho como legislador culminou em três mandatos consecutivos e na presidência da Câmara de 2015 a 2016.

Cidade industrial e marcada por desigualdades

Com uma população de cerca de 418 mil habitantes, Mauá é um dos principais polos industriais do ABC Paulista, região que ajudou a moldar a carreira política de Lula na década de 1970. Embora a cidade tenha apresentado avanços econômicos, problemas históricos persistem, como a escassez de água, que culminou em uma crise de abastecimento em 2018, e a necessidade de ampliação de creches, escolas públicas, espaços de lazer e esportes.

Além disso, a cidade precisa fortalecer sua Guarda Municipal e adquirir novos equipamentos de segurança. Em seu segundo mandato, Oliveira terá o desafio de responder a essas demandas e consolidar políticas que mantenham o ritmo de desenvolvimento da cidade.

Panorama regional

A vitória de Oliveira em Mauá contrasta com a tendência regional, onde a centro-direita prevaleceu em prefeituras vizinhas. Gilvan (PSDB) venceu em Santo André com 60,98% dos votos válidos, enquanto Tite Campanella (PL) garantiu São Caetano com 59,61%. Em São Bernardo do Campo, a disputa também foi dominada pela centro-direita, com Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania) no segundo turno. Já em Diadema, o petista José de Filippi Júnior foi derrotado por Taka Yamauchi (MDB).

A reeleição de Oliveira fortalece o PT em Mauá, que se mantém como a maior cidade governada pelo partido no estado de São Paulo, e reafirma o legado petista na região, mesmo em um cenário de polarização crescente.

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