Deputados paulistas aprovam a proibição de celulares em aula

Proposta aprovada por unanimidade em São Paulo começa a valer no próximo ano. Iniciativa está alinhada à discussão federal, pelo MEC e Câmara dos Deputados

Os deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo aprovaram por unanimidade, na terça (12), Projeto de Lei que proíbe que alunos utilizem celulares nas escolas públicas e privadas do estado. A medida vale desde a educação básica até o ensino médio. As únicas exceções são quando houver necessidade pedagógica (acesso a conteúdos digitais educativos) e para alunos com deficiência que necessitam de recursos tecnológicos. A proposta está alinhada às discussões que ocorrem no âmbito federal sobre o assunto.

Agora a Lei aprovada segue para sanção do governador com validade após 30 dias. Assim, a medida pode começar a valer somente no próximo ano letivo.

O Projeto de Lei 293/2024 foi apresentado pela deputada Marina Helou (Rede) e contou com outros 42 deputados e deputadas como coautores, dentre eles a deputada Leci Brandão (PCdoB).

De acordo com o texto aprovado “consideram-se dispositivos eletrônicos quaisquer equipamentos que possuam acesso à internet, tais como celulares, tablets, relógios inteligentes e outros dispositivos similares”.

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Os estudantes que levarem os equipamentos às escolas deverão deixá-los armazenados sem a possibilidade de acesso durante as aulas.

A regulamentação da Lei, incluindo protocolos de armazenamento, deverá ser realizada pela Secretaria de Educação.

Para completar, “as escolas da rede pública e privada deverão criar canais acessíveis para a comunicação entre pais, responsáveis e a instituição de ensino”, coloca o texto aprovado.

Debate nacional

A epidemia que se tornou a utilização de equipamentos eletrônicos em sala de aula traz prejuízos educacionais para os alunos e desgaste para os educadores.

O risco desse descontrole é vital, uma vez que afeta diretamente o desempenho acadêmico pela distração que os equipamentos promovem.

Ainda que o ideal fosse aliar tecnologia com a educação, a medida de banimento surge como alternativa imediata. Em pesquisa realizada pelo Datafolha, 62% dos brasileiros com 16 anos ou mais apoiam a proibição do uso de celulares por crianças e adolescentes nas escolas, tanto durante as aulas quanto nos intervalos.

Com a aprovação do texto, São Paulo antecipa uma medida que deverá ser nacional. O Ministério da Educação (MEC) iniciou as tratativas para um projeto de lei, porém resolveu apoiar textos que já tramitavam na Câmara dos Deputados.

Na avaliação do MEC, o uso indiscriminado de telas na sala de aula impacta o desempenho dos alunos e atinge a saúde mental dos professores.

Educadores apontam que o uso intensivo das tecnologias tem ampliado a antissociabilidade e o bullying no ambiente escolar. Para completar a tragédia, alunos têm se viciado em aplicativos de apostas e jogos de azar.

Nesse sentido, o MEC passou a apoiar o substitutivo ao Projeto de Lei 104/15 e a outras 13 proposições que tramitam em conjunto e tratam do mesmo assunto. O PL já passou pela Comissão de Educação e segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.