Plano para assassinar Lula foi discutido na casa de Braga Netto, diz Cid
PF deflagrou operação e prendeu militares kids pretos que estavam envolvidos no planejamento de golpe de Estado e execução de autoridades
Publicado 19/11/2024 10:08 | Editado 19/11/2024 10:32
O plano para executar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi discutido na residência do general Braga Netto, à época ministro da Defesa e candidato à vice-presidência derrotado nas eleições de 2022. As informações foram publicadas pela jornalista Andréia Sadi, da Globo News.
O encontro foi confirmado pelo general Mauro Cid, braço direito de Bolsonaro que se tornou colaborador da Justiça, e corroborado por materiais apreendidos com o general de brigada Mario Fernandes.
Para a PF, o general Braga Netto é um dos nomes mais envolvidos na tentativa de golpe de estado para manter Bolsonaro no poder apesar da derrota nas eleições. Segundo apurou a jornalista, dificilmente o militar escapa do indiciamento no inquérito que investiga o caso.
A Polícia Federal prendeu nesta terça (19) Fernandes e outras quatro pessoas suspeitas de elaborarem um plano, denominado Punhal Verde e Amarelo, para matar Alckmin e Lula em 15 de dezembro de 2022.
Ao todo, são quatro militares da elite do Exército, os chamados Kids Pretos, e um policial federal.
O militar Mario Fernandes ocupava cargo de assessor no gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) e também ocupou postos de confiança durante o governo de Jair Bolsonaro.
Outro alvo seria o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que seria preso e também executado.
Os agentes federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas.
Para a PF, “os fatos investigados nesta fase configuram os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa”.
Em março, uma das mensagens captadas no celular de Mauro Cid, e publicadas pela imprensa, mostra um diálogo em que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro oferece ao major Rafael Martins de Oliveira auxílio de R$ 100 mil para ajudar a bancar a ida de um “pessoal” para Brasília para manifestações bolsonaristas. As próprias mensagens indicam que o “pessoal” era um grupo de kids pretos.
Aos agentes, em um dos depoimentos à PF, Cid esclareceu que ele recorreu a Braga Netto para conseguir o dinheiro e o general mandou que procurassem o PL para pedir recursos.
Para a PF, Braga Netto é o personagem mais importante para elucidar se e como o grupo ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro organizou e fomentou os ataques golpistas de 8 de janeiro às sedes dos Três Poderes, quando o plano de dar um golpe de Estado antes da posse de Lula fracassou.