Trump ameaça Brasil com taxações e defende tarifas “recíprocas”

Presidente eleito promete medidas contra países que, segundo ele, “cobram muito” dos EUA, mesmo sob risco de aumentar a inflação interna em setores dependentes de importações

Foto: Reprodução

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, colocou o Brasil na mira das suas taxações alfandegárias. Trump afirmou que o país “cobra muito” dos produtos dos EUA. “Nós vamos tratar as pessoas de forma muito justa, mas a palavra ‘recíproco’ é importante.

“A Índia cobra muito, o Brasil cobra muito. Se eles querem nos cobrar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa”, provocou.

A ameaça do próximo presidente norte-americano ocorreu durante a sua primeira entrevista coletiva após a sua eleição em novembro e foi realizada em Mar-A-Lago, em Palm Beach, na Flórida.

Também foi a primeira vez, desde que venceu a eleição, que Trump mencionou explicitamente o Brasil como alvo de suas ameaças de aumento de tarifas. Antes, o magnata já tinha mencionado México, Canadá, China e chegou a citar o Brics – bloco do qual o Brasil faz parte – como um possível alvo de suas novas medidas de protecionismo.

Ele chegou a dizer, no mês passado, que iria impor tarifas de 100% aos países do bloco se tentarem acabar com a prevalência do dólar.

Desde 2002, esses Canadá, China e México se mantêm como os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos, quando a China substitui o Japão nessa tríade, logo em seu primeiro ano como membro da Organização Mundial do Comércio. 

A atual secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse nesta terça que está preocupada que os planos do presidente eleito de impor amplas tarifas de importação possam descarrilar o progresso da contenção da inflação e aumentar os custos para famílias e empresas.

“Isso teria um impacto adverso sobre a competitividade de alguns setores da economia dos Estados Unidos e poderia aumentar significativamente os custos para as famílias”, acrescentou Yellen. “Portanto, essa é uma estratégia que eu temo que possa descarrilar o progresso que fizemos em relação à inflação e ter consequências adversas sobre o crescimento.”

O republicano, no entanto, disse nesta segunda que as cobranças tornarão o país mais rico e descartou um potencial aumento da inflação com o encarecimento de produtos cruciais, por exemplo, para a fabricação de automóveis.

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