Quaest: Lula ganharia em todos cenários de 2026 mesmo com piora na aprovação

Presidente marca 44% das intenções de voto no 2º turno contra 40% do inelegível Bolsonaro e venceria Michele, Tarcísio, Zema e outros quatro

Lula com trabalhadores de Juiz de Fora (MG)

A mesma pesquisa Genial/Quaest que trouxe um sinal de alerta ao indicar o aumento no índice de desaprovação ao governo Lula também mostrou que, se as eleições 2026 acontecessem agora, o presidente venceria todos os pré-candidatos de direita e extrema direita no segundo turno.

Em um dos cenários traçados de forma estimulada, Lula tem 44% do eleitorado contra 40% de Jair Bolsonaro, que está inelegível e não poderá concorrer. Ainda que o petista esteja na frente é de se ponderar que os números estão no limite da margem de erro de 2 pontos percentuais.

Em outros sete cenários traçados, Lula também venceria contra Michele Bolsonaro (PL), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ratinho Júnior (PSD), Pablo Marçal (PRTB), Eduardo Bolsonaro (PL), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União).

Disputa

Em 26 de março, Bolsonaro se tornou réu acusado com outros sete de liderar a tentativa de golpe de Estado. Antes disso ele já era considerável inelegível por duas condenações, uma referente a reunião com embaixadores com ataques ao sistema eleitoral e a outra por promover sua candidatura à reeleição durante a cerimônia televisionada do bicentenário da Independência.

Ainda que esteja fora da próxima eleição, o ex-presidente visa manter apoio ao tentar emplacar um pedido de anistia infundado para os condenados pelo 8 de Janeiro, o que poderia lhe beneficiar, assim como instiga sua base com uma irreal reversão de cenário no Superior Tribunal Eleitoral (TSE), que o faria disputar as eleições.

Ao fomentar esta situação permanente entre os ‘bolsonaristas’, o que ele pretende é vender caro o seu apoio dentro da direita, ao mesmo tempo que impede que qualquer outro pré-candidato se sobressaia sozinho.

A preferência dentre os bolsonaristas fica entre Michele e Tarcísio. Bolsonaro já demonstrou estar aberto para ambas as possibilidades em entrevistas, ainda que sempre coloque seu nome em primeiro lugar. Outro nome é o de Eduardo Bolsonaro, porém, no momento, ele “fugiu” para os Estados Unidos, como indicam outros deputados, para escapar da Justiça. A leitura feita pela esquerda é de que ele também se licenciou da Câmara para poder articular junto à extrema direita que está no poder norte-americano.

Contra todos eles, Lula venceria com certa folga pela pesquisa Quaest: Lula 44% x 38% Michele; Lula 43% X Tarcísio 37%; Lula 45% X Eduardo 34%. A diferença é muito superior do que a eleição de Lula em 2022, quando marcou 50,9% dos votos válidos contra 49,1% de Jair Bolsonaro.

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Outro inelegível que mantém seu nome em pauta é o coach Pablo Marçal. Ele foi condenado, em fevereiro desse ano, à pena de inelegibilidade de oito anos “por abuso de poder político, poder econômico, uso indevido de meios de comunicação e captação ilícita de recursos”. O coach, que pretende recorrer, foi condenado por vender apoio online em troca de doações para sua campanha a prefeito de São Paulo, em 2024.

Já Ratinho Júnior para tentar alçar o nome dentro da direita deverá, antes, convencer o seu partido. O PSD tem uma importante interlocução com o governo Lula e conta com três ministérios: Minas e Energia, Pesca e Aquicultura, e Agricultura e Pecuária. Além disso, em uma esperada reforma ministerial almeja mais pastas. Por outro lado, o presidente do partido, Gilberto Kassab, tem desferido críticas desmedidas ao governo federal, além de manter o seu campo de influência sob o governo paulista. Dessa maneira, Ratinho precisaria aguardar um sinal verde de seu partido.

Por sua vez, Zema se mantém próximo a Bolsonaro para uma eventual “bênção” à sua pré-candidatura, porém mostrou fraqueza ao ter apoiado, em 2024, para a prefeitura de Belo Horizonte, Luísa Barreto (Novo) que não decolou como candidata e parou como vice na chapa de Mauro Tramonte (Republicanos), derrotado logo no primeiro turno. Já no segundo turno Zema apoiou Bruno Engler (PL), também derrotado.

Ainda figura como pré-candidato, independente da escolha de Bolsonaro ou não, Ronaldo Caiado, que pretende lançar sua candidatura em 4 de abril e conta com apoio do cantor Gustavo Lima, que chegou a ser cogitado para a disputa presidencial, ou mesmo como vice de Caiado.

Estes nomes, também não demonstram fazer frente a Lula, que nesta quinta (3), fez um balanço sobre as ações do governo no evento “O Brasil dando a Volta por Cima”. O presidente marca contra eles: Lula 44% X 35% Marçal; Lula 42% X 35% Ratinho Jr.; Lula 43% X 31% Zema; e Lula 44% X 30% Caiado.

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Confira abaixo os números, observando que os valores de intenções de voto em branco, nulo ou não vai votar ainda são altos, portanto, ainda há margem para crescimento dos pré-candidatos ao longo desse e do próximo ano.

Na pesquisa espontânea, quando os nomes dos pré-candidatos não são apresentados, o presidente Lula também sai na frente, com 9%.

Apenas outros dois foram mencionados, Bolsonaro com 7% e Tarcísio com 1%. Nesse aspecto o número de indecisos é enorme, 80%.

Pontos de atenção

Alguns dos resultados ainda mostram pontos de atenção para o governo. Além do aumento da desaprovação que chegou a 56% dos entrevistados, o número de pessoas que acreditam que Lula não deveria ser candidato em 2026 subiu de 52% para 62% entre dezembro de 2024 e o atual resultado de março.

Apesar disso, o que beneficia Lula é o grande desconhecimento sobre os outros possíveis candidatos. Assim como na pesquisa espontânea onde só dois nomes da direita e extrema direita foram citados, é revelado que os governadores são ilustres desconhecidos pelo grosso da população. Tarcísio (governador de São Paulo) não é conhecido por 42%, Ratinho Jr. (Paraná) por 51%, Zema (Minas Gerais) 61% e Caiado (Goiás) 63%.

Outra questão ainda levantada pela pesquisa é de que “o piso de qualquer candidato de oposição contra o PT é de 30%. Por isso mesmo os candidatos desconhecidos por 60% têm pelo menos 30% em um eventual 2º turno contra Lula”, destaca Felipe Nunes, diretor da Quaest.

Os pesquisadores ouviram 2.004 pessoas entre os dias 27 e 31 de março. O nível de confiabilidade é de 95% e a margem é de 2 pontos percentuais.