Luisa González denuncia fraude e exige recontagem de votos

Candidata da Revolução Cidadã contesta resultado oficial e exige recontagem. Há denúncia de irregularidades no pleito no Equador

Luisa González discursa em Quito após divulgação dos resultados oficiais; candidata da Revolução Cidadã denuncia fraude e anuncia que pedirá recontagem dos votos. Foto: Reprodução

A candidata da Revolução Cidadã, Luisa González, anunciou na noite deste domingo (13) que não reconhecerá os resultados do segundo turno das eleições presidenciais no Equador. Segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com mais de 92% das urnas apuradas, Daniel Noboa foi reeleito com 55,7% dos votos, contra 44,3% de González. A candidata afirma que houve fraude e que entrará com pedido formal de recontagem.

“Em nome do povo que representamos, não reconhecemos os resultados apresentados pelo CNE. Vamos pedir a recontagem dos votos e que se abram as urnas”, disse González durante pronunciamento em Quito.

Ela também declarou que a campanha foi marcada por abusos de poder cometidos por Noboa, que não se licenciou do cargo, usou recursos estatais em benefício próprio e decretou “estado de exceção” às vésperas da votação.

“Temos testemunhado o abuso do poder. Primeiro, nunca pediu licença. Segundo, usou as autoridades do CNE e do TCE para fazer o que queria, para atropelar os direitos dos equatorianos, a democracia, e depois estados de exceção. Por quê? Para quê? Para garantir provavelmente a mais grotesca fraude eleitoral que os equatorianos estão a presenciar”, protestou.

González responsabilizou o atual presidente por criar um ambiente de intimidação e denunciou o que chamou de “a mais grotesca fraude eleitoral da história do Equador”.

Entre as irregularidades mencionadas estão a publicação de atas sem as assinaturas obrigatórias nas juntas receptoras de voto, alterações de última hora nos locais de votação e a suspensão do voto para equatorianos residentes na Venezuela. 

O ex-candidato presidencial e dirigente da Revolução Cidadã, Andrés Arauz, divulgou imagens de seis atas sem assinatura e afirmou que todas favorecem Noboa, em desacordo com o artigo 127 do Código da Democracia.

Organizações políticas e populares, como o Partido Socialista, Pachakutik, Centro Democrático e a plataforma Celac Social, se somaram às críticas e cobraram uma auditoria completa do processo. 

Em comunicado, a Celac Social denunciou “uma operação antidemocrática planejada com meses de antecedência”, que incluiu “uso arbitrário de recursos estatais”, exclusão de observadores internacionais e a imposição de toque de recolher em 22 cidades. A entidade fez um chamado à “mobilização popular pacífica” e à pressão internacional por uma recontagem.

O Conselho Nacional Eleitoral respondeu que um pedido de recontagem pode ser feito, desde que cumpra os requisitos legais. A presidente do CNE, Diana Atamaint, declarou que a tendência é irreversível, mas que a lei prevê mecanismos de revisão mediante solicitação formal e fundamentada.

Daniel Noboa não comentou diretamente as declarações de González, mas celebrou a vitória como “legítima” e afirmou que não há dúvidas sobre o resultado. A imprensa internacional registra que a disputa foi marcada por clima de tensão, censura  e crescente militarização.

A oposição promete continuar mobilizada para garantir o que considera ser “a vontade soberana do povo equatoriano”. A disputa sobre a validade do resultado eleitoral pode ter desdobramentos legais e políticos nos próximos dias.

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