Trump retoma tarifaço e dobra taxação sobre o aço e o alumínio

O Brasil é um dos países mais impactados pela decisão que eleva as tarifas de importação de 25% para 50%

Minério de ferro: Foto: Vale/Arquivo/Divulgação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou as tarifas sobre importações de aço e alumínio de 25% para 50%, medida que também atinge o Brasil a partir dessa quarta-feira (4).

Somente escapou desse novo aumento o Reino Unido, que mantém o percentual anterior por ter firmado acordo comercial com os EUA.

Desde março, a taxa protecionista de 25% sobe esses materiais está em vigor e faz parte do avanço de Trump na tentativa de encurralar parceiros para obter vantagens por meio de uma guerra comercial. Em algumas áreas os novos impostos estão suspensos, como em relação à China.

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O governo brasileiro, pelos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mantém estreito contato com as autoridades dos EUA para contornar a elevação tarifária.

Em abril, o Congresso Nacional brasileiro aprovou a “Lei da Reciprocidade Econômica”, que autoriza o governo a retaliar práticas comerciais abusivas.

Aço

O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, o primeiro é o Canadá. A liga metálica formada por ferro e carbono é a base para a produção industrial de chapas, tubos e perfis. Ao todo, o Brasil exportou em 2024 para os EUA cerca de 4,1 milhões de toneladas. Os norte-americanos importam para a indústria cerca de 25% de todo o seu consumo de aço.

Caso a nova tarifa se torne efetiva, as exportações siderúrgicas brasileiras deverão voltar à venda de produtos para outros mercados para driblar possível queda de demanda.

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Mas, para isso acontecer, os brasileiros deverão se adaptar para ampliar sua posição em outros mercados, como o chinês, por exemplo. Para isso, terá que ser realizado investimento na indústria de transformação para substituir a exportação de material bruto pela venda de produtos com algum processamento, como chapas ou placas, que são a preferência do mercado consumidor oriental.

Alumínio

No caso do alumínio, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) estima que até 90% do metal primário produzido nos EUA tenha o DNA brasileiro em 2024. Eles absorveram “16,8% das exportações brasileiras de alumínio, com destaque para chapas e folhas”, afirmam.

Em nota, a entidade sustenta que “o momento exige mais do que reações pontuais” e pede “um duplo movimento”: “por um lado, cautela e calibração na adoção de medidas emergenciais de mitigação — como o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e ajustes tarifários para coibir práticas desleais e desvios de comércio; por outro, visão estratégica para reposicionar o Brasil na nova geografia da cadeia global do alumínio, com base em suas vantagens competitivas estruturais.”