Lula se emociona e diz que situação em Gaza é “genocídio premeditado”

Na França, presidente também salienta necessidade de grandes potências acabarem com os ataques e declara: “é triste saber que o mundo se cala diante de um genocídio”

Lula e Macron durante coletiva. Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se emocionou e voltou a condenar os ataques de Israel à Faixa de Gaza, o que classificou como um “genocídio premeditado”. Lula também reforçou que as grandes potências mundiais precisam dar um basta na atual situação.

As falas ocorreram nesta quinta-feira (5), durante entrevista coletiva no Palácio do Eliseu, sede do governo francês, que contou também com o presidente Emanuel Macron.

“Desculpe a emoção, mas é triste. É triste saber que o mundo se cala diante de um genocídio, em que a grande vítima não é um soldado que está em guerra, mas milhares de crianças. Sinceramente, o dia em que eu perder a capacidade de me indignar, eu não mereço ser dirigente do meu país”, disse o presidente.

Lula salientou que “não é possível a gente aceitar uma guerra que não existe e, sim, um genocídio premeditado que um governante de extrema direita está fazendo”. Ele também acrescentou que os ataques vão contra os interesses do próprio povo judeu.

Leia também: Em Paris, Lula recebe homenagem e critica extrema direita

O presidente ainda frisou que a situação em Gaza é “um massacre por parte de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças. É contra isso que a humanidade tem que se indignar”.

Além disso, rechaçou o plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de expulsar a população palestina para construir uma “riviera do Oriente Médio”. Lula disse que o local não pode ser tratado como área de lazer, mas, sim, como um território conquistado pelos palestinos “com muito sacrifício”.

Lula também reforçou que “a mesma ONU que criou o Estado de Israel tem que ter autoridade para proteger a área demarcada em 1967″. Foi uma referência às fronteiras estabelecidas naquele ano e que têm sido continuamente desrespeitadas por Israel, ao longo de décadas. “É o mínimo do bom senso que a gente pode exigir como humanista”, ponderou.

Maior pressão

Durante a entrevista, o presidente Emmanuel Macron disse que a Europa irá pressionar Israel por condições que permitam a entrada de operações humanitárias em Gaza com segurança.

“Há uma coordenação em nível europeu entre nossos ministros das Relações Exteriores. Com os ministros da União Europeia, mas também com o ministro britânico, para intensificar a pressão. Os próximos dias vão ser decisivos”, afirmou Macron.

O presidente francês também declarou: “Nós vamos intensificar a pressão, junto com os americanos, para obter um cessar-fogo, para permitir que as operações humanitárias recomecem. E, ao mesmo tempo, estamos preparando a conferência de 18 de junho com a Arábia Saudita, que deve abrir o caminho para um mecanismo de reconhecimento da Palestina e um mecanismo de segurança coletiva para toda a região. As discussões continuam e veremos, nos próximos dias, se devemos falar com voz mais grossa e tomar disposições concretas”.

Leia também: Israel não é uma democracia, é um Estado colonial, diz Reginaldo Nasser

A coletiva é parte da agenda de compromissos que Lula cumpre em sua passagem pela França, que se estende até o dia 9. A programação inclui encontros com o presidente francês, atividades econômicas, culturais e acadêmicas, além de cerimônias oficiais que simbolizam o estreitamento da parceria estratégica entre as duas nações.

Lula também foi convidado a participar, em Nice, da 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, que busca promover o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 14 da Agenda 2030, dedicada à conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos.