Protestos contra Trump explodem nos EUA e viram movimento nacional

Batidas do ICE inflamam revolta nacional; mais de 1.800 atos desafiam Trump em meio a ameaças, confrontos e adesão de celebridades à causa.

Fogo em carro durante protestos em Los Angeles | Foto: AP Photo/Eric Thayer

Os Estados Unidos vivem uma nova onda de turbulência política e social após a intensificação das ações do governo Trump contra imigrantes. O estopim foi uma série de operações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega), que no dia 6 de junho invadiu empresas na Califórnia para deter trabalhadores em situação irregular. Desde então, os protestos se multiplicaram pelo país, deram origem a uma coalizão nacional — “No Kings” (“Sem Reis”) — e colocaram o presidente em rota de colisão com estados e figuras públicas.

Extensão dos protestos

O movimento começou em Los Angeles, epicentro das batidas migratórias, e rapidamente se espalhou para cidades como Nova York, Chicago, Atlanta e Houston. A repressão policial aos manifestantes provocou confrontos, prisões e cenas de violência, incluindo veículos incendiados. Diante da escalada, Donald Trump autorizou o envio de 2 mil soldados da Guarda Nacional à Califórnia, medida que foi duramente criticada por autoridades locais, como o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass.

A ofensiva federal reabriu uma antiga ferida nos EUA: a tensão entre a autoridade federal e os direitos dos estados. A Procuradoria-Geral da Califórnia processou o presidente por violar a soberania estadual. Trump chegou a sugerir a prisão do governador por obstruir as operações do ICE.

A Califórnia, estado de maioria democrata e palco de políticas progressistas, tornou-se símbolo da resistência às ações do governo republicano. Com quase um terço de sua população formada por imigrantes, o estado também abriga algumas das vozes mais influentes do partido democrata, como Kamala Harris e Nancy Pelosi.

Celebridades contra Trump

O movimento “No Kings” ganhou fôlego com o apoio de figuras públicas. Kim Kardashian criticou a deportação de trabalhadores inocentes, enquanto Mark Ruffalo alertou para a criminalização de minorias. Pedro Pascal publicou um vídeo exaltando as raízes imigrantes de Los Angeles. Outros artistas como Billie Joe Armstrong, Eva Longoria e Finneas também aderiram às críticas ao governo.

“Quando nos dizem que o ICE existe para manter nosso país seguro e expulsar criminosos violentos — ótimo. Mas quando testemunhamos pessoas inocentes e trabalhadoras sendo arrancadas de suas famílias de maneiras desumanas, temos que nos manifestar. Temos que fazer o que é certo”, publicou Kim Kardashian, no Instagram.

Neste sábado (14), mais de 1.800 protestos estão programados em todos os 50 estados americanos, em resposta ao endurecimento da política migratória e à repressão aos protestos. A data coincide com o aniversário de 79 anos de Trump e com o desfile militar em Washington para celebrar os 250 anos do Exército. O presidente prometeu “muita força” contra qualquer manifestação durante o evento. A coalizão “No Kings” orientou seus membros a evitar a capital federal e manter o foco nos atos descentralizados.

Um país dividido

Com as eleições presidenciais de 2024 ainda frescas na memória — Trump venceu no colégio eleitoral, mas perdeu na Califórnia —, os protestos simbolizam uma nação profundamente polarizada. A crise atual coloca em xeque não só a política migratória, mas também os limites do poder presidencial e o respeito às liberdades civis.

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com agências

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