Gaúchos voltam a sofrer com chuvas; 4 morrem e 7 mil deixam suas casas
Um ano após tragédia, prefeitura de Porto Alegre ainda usa sacos de areia para evitar inundação. Governo Lula garante recursos e distribui 68 toneladas de alimentos
Publicado 23/06/2025 15:25 | Editado 23/06/2025 15:36

Pouco mais de um ano após a histórica enchente de 2024, o Rio Grande do Sul voltou a enfrentar, nos últimas dias, as consequências de chuvas intensas que atingiram 132 dos seus 497 municípios, deixando ao menos quatro mortos, mais de 6,2 mil desalojados, mil desabrigados e um desaparecido, segundo a Defesa Civil do RS.
Como forma de ajudar os atingidos, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) entregou 4 mil cestas básicas. Ao todo, são 68 toneladas de alimentos oriundos da agricultura familiar. Cada cesta básica, de acordo com a Conab, contém um total de 17 quilos de alimentos, incluindo arroz, feijão, macarrão, farinha de milho e melado.
Em nota, a entidade informou que instalou uma sala de situação na região com o objetivo de organizar e executar ações de ajuda humanitária. A proposta é integrar esforços do governo federal para atender a população atingida.
Com a intensificação das chuvas e a consequente subida no nível de diversos rios do estado na semana passada, o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, esteve no RS.
Na ocasião, ele declarou que “cada prefeito vai poder fazer o seu balanço e vai poder decidir se é preciso fazer a situação de emergência ou não. O presidente Lula já garantiu recursos, da mesma forma que no ano passado. Eu posso reafirmar que recursos estão garantidos dentro da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil”.
Situação atual
A chuva cessou na maior parte do estado nesta segunda (23), mas há alertas relativos aos fortes ventos e à onda de frio que chegou ao território gaúcho. No entanto, os rios e lagos ainda inspiram atenção.
Os rios dos Sinos, Gravataí e Jacuí, que banham municípios da Região Metropolitana Porto Alegre e direcionam água para o Guaíba, seguiram altos nas últimas horas.
Na Fronteira Oeste, o Rio Uruguai mantém o alerta para risco de alagamentos em municípios como Uruguaiana, São Borja e Itaqui, segundo dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema).
O Guaíba, que margeia a capital, Porto Alegre, está há quatro dias com o nível acima da cota de alerta, que é de 3 metros, registrando 3,23 metros. Já a cota de inundação, que é de 3,6 metros, não deve ser superada, conforme a Defesa Civil.
Mas, por precaução, a prefeitura voltou a usar sacos de areia nas comportas do sistema de contenção de Porto Alegre, o que vem gerando críticas já que houve verba e tempo suficientes para, ao menos, estabilizar e fortalecer os mecanismos já existentes, sem a necessidade de apelar para improvisos deste tipo.
“Quais foram as ações de prevenção deste domingo? Bags e mais bags. A gente se pergunta o que seria de Porto Alegre sem esses sacos. Prevenção com selo holandês de tecnologia”, ironizou a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS) pelas redes sociais, usando o termo em inglês que a prefeitura escolheu para chamar os sacos de areia.
A parlamentar salientou, ainda, que “mesmo com todos os problemas já vividos, a gestão do Melo não realizou nenhuma ação concreta para contenção de cheias e a emergência climática.É inadmissível tamanha negligência com a cidade e o povo”.
“(Sebastião) Melo e (Eduardo) Leite foram no início do ano à Holanda, entender como funciona o sistema de proteção às cheias e, adivinhem só, não aprenderam nada. E o pior, colocam sacos de areia por tudo que é lugar como se isso fosse nos livrar da enchente. Vamos denunciar todo esse descaso e contar com a sorte, pois se depender do prefeito e do governador, vamos ficar debaixo d’água!”, também criticou o vereador Erick Dênil (PCdoB).
Foto: Dmae