Bilionários na mira: Haddad quer taxar fortunas que desafiam a lógica

Ministro da Fazenda pressiona por imposto global sobre os super-ricos e alerta para a escalada da desigualdade em um mundo à beira de colapsos sociais e ambientais.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante encontro anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) dos BRICS | Foto: MInistério da Fazenda/reprodução

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a criação de um sistema tributário internacional que taxe as grandes fortunas em sua participação na Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do Brics, realizada no Rio de Janeiro. Segundo ele, o acúmulo de riqueza por uma elite global atingiu níveis alarmantes e exige ação coordenada entre os países.

“Houve uma redução muito grande das alíquotas cobradas dos super-ricos, praticamente em todo o mundo. Isso precisa ser repensado. A concentração de renda no mundo está atingindo patamares inimagináveis”, afirmou o ministro durante o encontro neste sábado (5).

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Haddad reiterou que cerca de 3 mil famílias concentram US$ 15 trilhões em patrimônio, valor que ilustra, segundo ele, a urgência de uma reforma fiscal em escala global. “Acredito que, se não ousarmos um pouco, e não formos para frente com o mecanismo de financiamento, vamos ter muita dificuldade de enfrentar os desafios humanos que estamos enfrentando”, alertou.

O ministro também voltou a defender uma Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Cooperação Internacional em Matéria Tributária. “Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo – uma condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem sua justa contribuição em impostos”.

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Além da taxação dos bilionários, Haddad propôs uma “reglobalização sustentável”, ou seja, uma nova etapa da globalização focada no desenvolvimento social, econômico e ambiental. Ele ressaltou o papel dos países do Brics, que representam quase metade da população mundial, como líderes legítimos dessa transformação. “Nenhum outro foro possui hoje maior legitimidade para defender uma nova forma de globalização”, disse.

Durante o discurso, o ministro ainda destacou os riscos que a inteligência artificial impõe ao mercado de trabalho e às finanças públicas, além de pedir ações concretas contra a crise climática, como a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre. A ideia é que países historicamente poluentes financiem a preservação de ecossistemas estratégicos.

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Segundo Haddad, esse debate não é apenas técnico, mas político — e deve ganhar força na corrida eleitoral de 2026, com a defesa da justiça tributária se tornando uma bandeira central do governo Lula.

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com agências

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