Dividido, PDT oficializa candidatura de Cristovam Buarque

O PDT saiu dividido da convenção nacional ocorrida nesta segunda-feira no Rio. A candidatura própria à Presidência da República foi aprovada por 236 votos a 97. O candidato ao Planalto pela legenda será o senador Cristovam Buarq

O PDT saiu dividido da convenção nacional ocorrida nesta segunda-feira no Rio. A candidatura própria à Presidência da República foi aprovada por 236 votos a 97. O candidato ao Planalto pela legenda será o senador Cristovam Buarque (DF), que já foi  ministro da Educação do governo Lula e governou o Distrito Federal quando ainda era filiado ao PT.
 

Cerca de 300 pessoas participaram da escolha, entre elas integrantes da Executiva Nacional e delegados regionais da legenda.
 
Quem votou "Sim" acredita que o partido crescerá nos Estados no rastro de uma candidatura a presidente. Quem votou "Não" preferia que o partido ficasse livre nos Estados para se aliar com quem quisesse – e assim crescer.
 
Com candidato a presidente, o PDT só poderá se aliar a partidos que não tenham candidato próprio a presidente.

O PDT tem feito oposição ao governo Lula, mas de forma moderada, sem os exageros de outros adversários mais raivosos como PFL, PSDB e PPS. A tendência é Cristovam Buarque, que foi por muitos anos filiado ao PT, adotar o mesmo tom moderado durante a campanha.

Bate-boca

A decisão, apesar de esperada, não foi tranqüila. O início da Convenção, que aconteceu na Fundação Brizola, no centro do Rio de Janeiro, foi marcado por um princípio de tumulto entre integrantes do partido que defendiam a candidatura própria e aqueles que eram contra. O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, se envolveu no tumulto e quase iniciou uma briga com o presidente da legenda no Rio Grande do Sul, Matheus Schmidt.

"Partido popular é assim mesmo. Eu peço desculpa aos companheiros pelo excesso", disse Lupi após o tumulto. O presidente da legenda foi um dos principais defensores da candidatura própria. Já Matheus Schmidt, presidente de um dos principais diretórios do PDT, o do Rio Grande do Sul, terra de Leonel Brizola, acredita que a candidatura própria possa inviabilizar a eleição de governadores e prejudicar as alianças regionais.
 

Durante as discussões, o vice-presidente nacional do PDT, Jackson Lago (MA), ameaçou renunciar ao cargo caso a candidatura própria seja aprovada. Ele pediu a Cristovam Buarque que retirasse seu nome da corrida ao Planalto.

Além da candidatura presidencial de Cristovam, a convenção também oficializou as candidaturas a governador pelo PDT em 16 estados. O presidente da sigla, Carlos Lupi será o candidato ao governo do Rio de Janeiro.

"Se nós não tivéssemos lançado candidato, iríamos passar os dias que faltam para a eleição vendo dois candidatos dizer quem fez mais e quem roubou menos, pois não haverá debate. Poderá haver uma disputa como em um ringue de boxe. Não tínhamos o direito de ver parte da juventude brasileira morrendo no crime e a outra parte sem futuro. Nós é que vamos dizer para 40 milhões de meninas e meninos que eles vão passar a ter direito à escola de qualidade e horário integral. Não tínhamos o direito de nos omitir.", afirmou Cristovam durante a Convenção.

Perfil

Cristovam Buarque é engenheiro mecânico, formado pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1966, e doutor em Economia pela Sorbonne, Paris, em 1973. Entre 1973 e 1979, trabalhou no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, e desde 1979 é professor da Universidade de Brasília, da qual foi reitor de 1985 a 1989. Entre 1995 e 1998 governou o Distrito Federal e em 2002 elegeu-se senador pelo PT. Filiou-se ao PDT em setembro de 2005. É membro do Instituto de Educação da Unesco.

Durante o mandato de governador, ficou conhecido como administrador que cumpriu seu compromisso com a inclusão social. É dele projetos importantes como o Bolsa-Escola.

De 1999 a 2002, Cristovam Buarque dividiu seu tempo entre a UnB, seus escritos e a Organização Não-Governamental Missão Criança, criada por ele para promover a Bolsa- Escola.

Assumiu o Ministério da Educação (MEC) em janeiro de 2003 e permaneceu no cargo até janeiro de 2004.

Ao longo de sua carreira, Cristovam publicou mais de 20 livros e colaborou por mais 20 vinte anos com jornais e revistas de larga circulação. Também trabalhou como consultor de diversos organismos nacionais e internacionais do sistema das Nações Unidas. Foi Presidente do Conselho da Universidade para a Paz das Nações Unidas, membro do Conselho Presidencial que elaborou a proposta de Constituição (Constituinte, 1987) e integrante da Comissão Presidencial para a Alimentação, dirigida por Betinho.

Da redação,
com informações das agências