Deputado do PSB defende tropas federais nas eleições em SE
Publicado 19/06/2006 23:53 | Editado 04/03/2020 17:21
Em entrevista ao Jornal da Cidade deste domingo, o Deputado Belivaldo Chagas (PSB), fala sobre as eleições deste ano, o “Trem da Alegria” do Governo do Estado e defende o envio de tropas federais para garantir a segurança no pleito eleitoral que se aproxima. Abaixo, reproduzimos parte da entrevista.
JORNAL DA CIDADE – O senhor será mesmo o candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo ex-prefeito Marcelo Déda (PT)?
BELIVALDO CHAGAS – Veja bem, desde o início do processo sucessório, o PSB tem pleiteado a vaga de vice. O nosso partido parte do seguinte princípio: se cabe ao PT indicar o candidato a governador, automaticamente qualquer outro partido do bloco oposicionista tem o direito de pleitear a candidatura à vice. Portanto, dentro do PSB há quase uma unanimidade no sentido de que, se a vaga de vice ficar para o partido, o meu nome seja o indicado. É importante, contudo, que a indicação do candidato a vice seja feita dentro de um consenso e que seja um nome que some.
JC – O bloco de oposição ao governo fará um chapão para as eleições proporcionais?
BC – Pelo que me consta, dentro do nosso bloco há um consenso em favor do chapão para as eleições de deputado. Neste ponto, só há dificuldade quando a gente procura buscar outro partido para apoiar a candidatura de Marcelo Déda. Por conta da verticalização, fica difícil ampliar a coligação, mas isso não é impossível, desde que a gente respeite as regras estabelecidas pela mini-reforma aprovada recentemente.
JC – O senhor também é a favor que se solicite tropas federais para garantir a tranqüilidade das eleições?
BC – Não tenho a menor dúvida quanto a isso, até porque acho que o envio de tropas federais será bom para todos os lados. Acho que somente quem não está enxergando as coisas que estão acontecendo, principalmente no interior do Estado, é que pode pensar o contrário. Veja bem, quando a gente defende essa proposta, não é para ninguém exercer um poder de pressão em cima desse ou daquele político, mas para que Sergipe tenha uma eleição em pé de igualdade. Também é preciso deixar claro que a gente tem certeza que a Polícia Militar possui condições para garantir a ordem nas eleições. A questão é que todo mundo sabe que, às vezes, aparece determinação superior que cria dificuldades para os policiais. Eu já acompanhei diversas eleições e em várias delas escutei policiais no interior do Estado afirmando ter recebido determinação para jogar pesado contra esse ou aquele grupo político. Claro que eles não atenderam a ordem por achá-la absurda. Portanto, é importante que se convoque tropas federais para garantir o direito de igualdade.
JC – O senhor acha mesmo que a oposição derrotará o governador João Alves Filho?
BC – Não tenho a menor dúvida disso. E por que penso assim? Porque Sergipe está sendo governado por um político que, há quatro anos, afirmou ter se reciclado e que não repetiria no terceiro mandato os erros praticados em seus dois governos anteriores. O que Sergipe está vendo é exatamente o contrário. João Alves esperneia para não cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal e coloca a culpa em terceiros, quando não pode fazer as coisas que acha corretas. Diferente dos sonhos do governador, o Estado vive numa total insegurança, as estradas estão em péssimas condições e os hospitais do interior estão praticamente fechados, obrigando as prefeituras a praticar "hambulânciaterapia", ou seja, colocar as pessoas em ambulâncias para superlotar o hospital João Alves. Portanto, não vejo razão para Sergipe continuar com o que ai está.
JC – Mas por que o senhor acha que o eleitor vai preferir eleger Marcelo Déda?
BC – Porque eu tenho sentido isso em minhas andanças pelo Estado. Ademais, acredito no poder de discernimento do eleitor, que vai analisar a vida de cada um, o passado e o presente e dar oportunidade a quem ainda não teve a chance de administrar o Estado de Sergipe, embora tenha sido um excelente parlamentar e um prefeito aprovado duas vezes pelos aracajuanos. Quando se fala de Marcelo Déda, alguns afirmam que ele não tem experiência. Como não tem? Foi um grande deputado estadual e federal, é um advogado competente e na área administrativa governou Aracaju, tendo sido reeleito no primeiro turno com a maioria absoluta dos votos. O que acontece é que certas pessoa querem comparar o que Déda fez como prefeito com o que João fez em três mandatos como governador. Isso, convenhamos, não tem sentido e o eleitor não vai engolir esse tipo de comparação.
JC – As denúncias feitas pela oposição contra a contratação de pessoas sem concurso público estão sendo apuradas?
BC – Veja bem, o bloco da oposição já encaminhou quatro representações contra essas contratações que o governo está fazendo sem concurso. Elas foram endereçadas para o Tribunal de Contas do Estado, o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal e para a Procuradoria do Trabalho. Está sendo elaborada também uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, que deverá ser dada entrada esta semana com um pedido de liminar para sustar as contratações feitas e impedir outras. A gente verificou que o Supremo Tribunal Federal já considerou inconstitucionais leis exatamente iguais a de Sergipe, promulgadas pelos governos de Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal. Eu tenho em mãos um documento da diretora do departamento de recursos humanos da Secretaria estadual da Educação encaminhando um cidadão contratado provisoriamente para o almoxarifado central localizado em Aracaju. O cidadão se recusou a executar o serviço por achar muito pesado e terminou sendo redistribuído para outro setor.