Estudo: o impacto chinês na siderurgia brasileira
Um movimento de consolidação das siderúrgicas brasileiras ou de aceleração do processo de internacionalização tem o apoio de um personagem importante – o BNDES.
Publicado 28/06/2006 16:04
Estudo produzido pelo banco no fim de 2005 indica que seria desejável a manutenção do capital nacional. Intitulado "Para onde vai a China? O impacto do crescimento chinês na siderurgia brasileira", o texto informa que "tendo em vista que seria desejável a permanência de grupos com controle de capital nacional, uma forma de se contrapor a essa tendência (de aquisição de brasileiras por grupos “globalizados”) seria apoiar o movimento de internacionalização, bem como as intenções de consolidação que ampliem as vantagens competitivas frente às congêneres internacionais."
Apesar das facilidades de matéria-prima (minério de ferro) e de logística, as companhias locais ampliaram suas capacidades nos últimos anos em uma velocidade muito menor do que suas concorrentes, como as indianas. "Se houver interesse das empresas em se consolidar, o banco apóia e quer participar desse movimento", afirma Wagner Bittencourt, diretor da área de infra-estrutura e insumos básicos do BNDES.
O estudo sugere que o banco adote novas linhas para apoiar siderúrgicas brasileiras. Para Bittencourt, o BNDES pode ser o apoiador do movimento de consolidação, mas a decisão tem de partir das empresas — na China e na Índia, os planos são dados pelo governo "Nossos grupos são maduros, com bons ativos. O banco tem interesse em apoiar a consolidação, mas a decisão tem de partir do setor privado", afirma. O banco tem interesse em fortalecer as empresas nacionais frente ao avanço das estrangeiras.
Sócios
O presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares, disse que a fusão de Arcelor e Mittal pode deflagrar uma série de movimentos que estavam adormecidos no Brasil, entre eles a união do sistema Usiminas/Cosipa com CSN, da família Steinbruch, e a Açominas, da família Gerdau. "Teríamos muito interesse em participar de um movimento como esse. Se isso vier a acontecer, deveremos ser consultados. Temos participação acionária ou somos credores e, várias dessas empresas", afirma Bittencourt. A Usiminas é a peça-chave em todo o jogo de consolidação no país. Com produção de 8,7 milhões de toneladas em 2005, é um ativo cobiçado, mas tem uma estrutura societária complicada.
Dois importantes sócios, a Previ (fundo dos funcionários do Banco do Brasil) e a Vale do Rio Doce, com 38% do capital votante, estão fora do acordo de acionistas firmado em 1998 porque na época tinham participações cruzadas no setor. Hoje, o controle da Usiminas está dividido entre três grupos – investidores japoneses liderados pela Nippon Steel (agora segunda maior do mundo), VBC (união de Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa) e o clube de trabalhadores. A Vale, que no passado já pensou em vender suas ações na Usiminas, pressiona para que o acordo de acionistas — que venceria apenas em 2013 — seja revisto, para que ela possa voltar a participar do bloco de controle. O BNDES está atento a isso e, na prática, prefere que as três siderúrgicas – Gerdau, CSN e Usiminas – sigam sendo controladas por grupos nacionais.
Com informações do
jornal Valor Econômico