Aeronáutica recebe caças franceses e elogia governo Lula
Ainda não foi o que o originalmente havia sido prometido, mas militares da Aeronáutica que receberam nesta segunda-feira dois caças Mirage F-2000 manifestaram-se satisfeitos com o tratamento que a classe vem recebendo do governo do presi
Publicado 04/09/2006 22:44
Em visita à Base Aérea Militar de Anápolis, cidade goiana a 150 quilômetros de Brasília, Lula admitiu retomar o “Projeto FX”, criado no governo Fernando Henrique Cardoso e abandonado no início da atual administração, que previa investimento de mais de 700 milhões de reais na aviação militar.
“O planejamento estratégico de nossa defesa inclui a chegada futura dos FX (caça Mirage mais avançado que o F-2000), imprescindível avanço tecnológico para a Força Aérea”, declarou o presidente em discurso aos militares. O projeto original previa a aquisição de 12 a 24 caças para substituir os Mirage III.
Os caças F-2000 usados que começam a chegar ao país para patrulhamento do espaço aéreo são de uma geração anterior aos que seriam comprados inicialmente pelo governo. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Defesa, o convênio de 80 milhões de euros entre os governos do Brasil e da França funciona como uma alternativa ao Projeto FX, suspendendo-o indefinidamente.
Outros dez Mirage F-2000, fabricados na década de 1980, serão entregues ao Brasil entre outubro e o final de 2008, segundo o Comando da Aeronáutica.
“Estamos satisfeitos com a atenção dispensada (pelo governo). Não estamos na situação que queríamos, mas, pelo menos, estamos conseguindo voar”, disse à Reuters um tenente-coronel da Aeronáutica, ligado à administração da base aérea, sob a condição de anonimato.
“Nosso orçamento (o da FAB) foi ampliado no ano passado e esses aviões funcionam como um grande reforço. Agora temos condições de continuar prestando nosso serviço minimamente”, continuou.
Os Mirage F-2000 substituirão os antigos Mirage III, utilizados pela FAB desde a década de 1970, que tiveram de ser aposentados em dezembro. Militares franceses usaram o F-2000 durante a Guerra do Golfo e no Afeganistão, em 2001.
Outro militar, que também falou à Reuters sob a condição de anonimato, endossou as palavras do colega.
“Tivemos duas correções salariais nos últimos anos, coisa que a gente não recebeu nos governos anteriores”, explicou. “A maioria de nós está satisfeita e reconhece o pouco que foi feito por nós. Espero que o governo não nos esqueça pelos próximos quatro anos.”
Um major com função importante na hierarquia da base admitiu à Reuters que os militares da Aeronáutica “já estiveram em situação pior.”
O presidente chegou com quase uma hora de atraso. Em seu discurso, evitou abordar as demandas dos militares e assuntos políticos.
“Estamos juntos nessa grande empreitada que é tornar a nossa Força Aérea cada vez mais eficaz e funcional”, disse Lula, acompanhado dos ministros Waldir Pires (Defesa), Celso Amorim (Relações Exteriores) e do comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro-do-ar, Luiz Carlos Bueno.
Lula foi convidado a conhecer de perto as aeronaves e acabou aceitando o convite para entrar numa delas.
“Entrar vai ser fácil, o difícil vai ser sair depois”, brincou o presidente enquanto embarcava no caça, com o auxílio do piloto da aeronave, major Marcelo Grolla.
“Me senti o próprio guerreiro ali dentro”, disse Lula após posar para fotógrafos usando um boné da Aeronáutica.
Fonte: Folha Online