Lula recebe em Nova York o prêmio “Estadista do ano”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o prêmio “Estadista do Ano” concedido pela Fundação Appeal of Conscience, em evento realizado em um hotel em Times Square. O presidente da fundação, Rabino Arthur Schneier, afirmou que o prêmio foi concedi

No discurso de agradecimento, Lula afirmou que, “em um mundo globalizado, o bem-estar e a segurança (de um país) não são separados do destino da comunidade internacional”. “Não podemos deixar a cultura do terror desenvolver raízes. No combate à violência, nossas melhores armas são diálogo e promoção do desenvolvimento. Este prêmio não é só meu, mas de todo o conjunto da sociedade brasileira por tudo que tem sido capaz de realizar”, concluiu.


 


Os outros dois homenageados pela fundação foram John A. Catsimatidis, CEO do Red Apple Group, que recebeu o prêmio ´Apelo da Consciência´, e Bonnie McElveen-Hunter, presidente da Cruz Vermelha. Com a premiação da noite desta terça-feira, o presidente encerra uma agenda extensa composta pelo pronunciamento no debate da 61ª Assembléia Geral da ONU, almoço com os representantes de outras delegações na ONU e o lançamento do Centro Internacional de Compras de Medicamentos da organização. Após o jantar de premiação, o presidente retornará diretamente ao Brasil.


 


Aplacar fome custa menos que guerra do Iraque, diz Lula


 


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em seu discurso na sessão inaugural na 61a Assembléia Geral da ONU, em Nova York, que o investimento necessário para aplacar a fome no mundo é menor do que o que foi investido até agora na guerra do Iraque. “Todos aqui sabem que a Segunda Guerra do Golfo custou várias centenas de bilhões de dólares. Com muito menos, poderíamos mudar a triste realidade de uma grande parcela da população mundial. Poderíamos salvar milhões de vidas e retirá-las da indigência.”


 


O presidente citou programas de seu governo como exemplos no combate à fome.


 


“O programa Bolsa Família, o carro-chefe do Fome Zero, garante uma renda mínima a mais de 11 milhões de famílias brasileiras. Se fizemos tanto no Brasil, imaginem o que não pode ser feito em grande escala se o combate à fome e à pobreza fosse de fato uma prioridade da comunidade internacional”, afirmou.


 


O presidente voltou a fazer críticas veladas à guerra no Iraque em outro trecho do discurso.


 


“A guerra jamais trará a segurança. A guerra só gera monstros: o rancor, a intolerância, o fundamentalismo, a negação destrutiva das atuais hegemonias.” Lula acrescentou que “se não quisermos globalizar a guerra, é preciso globalizar a justiça”.


 


Comércio


 


O presidente também voltou a defender de forma enfática que os países ricos devem reduzir os subsídios em sua agricultura.


 


“Os subsídios dos países ricos, sobretudo na área agrícola, são pesados grilhões que imobilizam o progresso e relegam os países pobres ao atraso.”


 


“Não me canso de repetir que, enquanto o apoio distorcivo nos países desenvolvidos alcança a indecorosa soma de US$ 1 bilhão por dia, 900 milhões de pessoas sobrevivem com menos de US$ 1 por dia nos países pobres e em desenvolvimento. Essa é uma situação política e moralmente insustentável”, acrescentou. Para o presidente, “a velha geografia do comércio internacional precisa ser reformada em profundidade”.


 


Lula disse também que a Agenda de Desenvolvimento de Doha está em crise, mas que “se bem-sucedidas, as negociações na OMC ajudarão a tirar milhões de pessoas da pobreza externa.


 


Conselho de Segurança


 


Outra bandeira da política externa de Lula, a reforma do Conselho de Segurança da ONU também foi mencionada.


 


“A recente crise no Líbano expôs a organização (a ONU) a uma perigosa erosão de credibilidade. A eficácia das Nações Unidas tem sido seriamente questionada. O Conselho de Segurança é acusado de morosidade, incapacitado de agir com a rapidez requerida.”


 


“O Brasil, juntamente com os países do G4, sustenta que a ampliação do Conselho de Segurança deve contemplar o ingresso de países em desenvolvimento no seu quadro permanente”, afirmou.


 


Lula também lembrou laços antigos do Brasl com a ONU e as boas relações do país com Israel e seus vizinhos árabes. “O nascimento de Israel, cujo nascimento como Estado ocorreu quando um brasileiro, Oswaldo Aranha, presidia a Assembléia Geral.”


 


Temas interligados


 


Lula disse que o futuro do Brasil está ligado ao dos países vizinhos e destacou que tem procurado expandir o Mercosul e fortalcer a Comunidade Sul-Americana de Nações.


 


Mas, na visão do presidente, dar prioridade ao Mercosul não significa relegar outros temas ao segundo plano.


 


“O combate à fome e à pobreza, a paralisia da Rodada de Doha e o impasse no Oriente Médio são temas interligados.”


 


O presidente concluiu seu discurso afirmando que “não nos faltam recursos. Falta determinação política para aplicá-los nas áreas que podem ter um incalculável efeito transformador.”


 


Para ler a íntegra do discurso de Lula na ONU, clique aqui.