PT aprova bloco partidário para sucessão na Assembléia
Decisão tomada pelo diretório estadual petista fortalece estratégia de compor uma chapa para impedir a vitória do PSDB, que detém a maior bancada.
Publicado 11/12/2006 17:04 | Editado 04/03/2020 16:37
O Diretório Estadual do PT aprovou no último fim de semana a orientação para que a bancada do partido na Assembléia Legislativa forme um bloco partidário com PMDB e PSB, caso esteja em risco a possibilidade de vitória dos aliados do governador eleito Cid Gomes (PSB) na eleição para a mesa diretora da Casa. A medida faz parte da estratégia para eleger Domingos Filho (PMDB) presidente da Assembléia Legislativa. É também uma resposta às movimentações do atual presidente Marcos Cals (PSDB) para permanecer no cargo. O comando do PT também aprovou um documento com propostas de diretrizes programáticas para a coalizão que irá governar o Ceará a partir de 1º de janeiro.
No caso da Assembléia, o PSDB elegeu a maior bancada, com 15 deputados estaduais. Pela tradição da Casa, quem tem o maior número de deputados indica o presidente. Com base nisso, Cals tem se movimentado, conseguiu o apoio das diferentes correntes do dividido PSDB cearense e tem demonstrado estar disposto de ir para a briga no voto. Os aliados de Cid Gomes argumentam, contudo, que foram a coligação que elegeu mais parlamentares na Assembléia – 18 da coligação PSB-PMDB-PT, mais cinco de PCdoB-PHS-PV.
A criação do bloco entre PSB, PT e PMDB na Assembléia significaria que as três siglas passariam a atuar como um único partido na Assembléia. Como bloco formalizado – a se cumprir a tradição – eles teriam direito de indicar o próximo presidente da Casa. Trata-se, contudo, apenas de uma tradição, não prevista no regimento da Casa. Com ou sem bloco, a decisão sobre quem irá comandar a Assembléia será tomada em votação secreta, em 1º de fevereiro.
O controle da presidência significa sobretudo a possibilidade de determinar a pauta de votações do Legislativo cearense. Para tentar evitar que os três partidos formalizem a criação de um bloco, o líder do PSDB, João Jaime, propôs há duas semanas uma emenda ao regimento interno que obriga os blocos partidários a durarem no mínimo um ano. O que significaria estender até 2008 as restrições à atuação individual de cada partido – sobretudo a estrutura própria de liderança, que passaria a ser unificada.
Um dos três deputados estaduais que continuará a representar o PT na Assembléia a partir de 2007, Nelson Martins ressaltou que a deliberação do diretório sobre a formação do bloco não é uma imposição à bancada, e só será adotada caso seja necessária. “É uma orientação. A bancada é uma instância com autonomia para decidir sobre isso”. No entanto, ele ressalta que a formalização do bloco é a tendência atual na bancada do PT.
Fonte: jornal O POVO