Seca gera perdas de R$ 80 milhões

Totalizam R$ 80 milhões as perdas na agricultura de subsistência de feijão e milho no Ceará, em anos de seca. Nos anos de chuvas regulares, os ganhos na economia cearense com estas duas culturas somam R$ 70 milhões. O cálculo foi feito pelos pesquisadores

A pesquisa analisou as relações entre a variabilidade climática tropical e a agricultura de subsistência no Ceará no período de 1952 a 2001, levando em conta detalhes das influências dos eventos climáticos do ciclo El Niño-Oscilação Sul e do dipolo de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Atlântico Tropical. Este trabalho conquistou o segundo lugar no prêmio de estudos sobre os potenciais benefícios econômicos e sociais da meteorologia para o Brasil, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que teve os resultados publicados em dezembro último no “Diário Oficial da União”, com boa repercussão.


 



O retrospecto histórico das chuvas no Ceará no período de 40 anos, estudado por José Brabo e Nilson Campos, revela a freqüência de uma seca a cada três anos, nas duas últimas décadas. Estudos citados pelos autores indicam que a agricultura de subsistência contribui com 5% do PIB estadual, e sua vulnerabilidade afeta mais de 1 milhão de pessoas. Da população economicamente ativa do Ceará, 43% têm atividades ligadas à agricultura e 92% não têm acesso à irrigação.


 



No estudo, foram utilizados totais anuais das produções das culturas de milho e feijão para o Estado do Ceará no período de 1952 a 2001. Estes dados foram coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e compilados pelo Instituto de Planejamento do Estado do Ceará (Iplance). As variáveis selecionadas para o estudo foram: área plantada; produção; rendimento; valor agregado em milhões de reais por rendimento e preço.


 



Dentre as atividades mais impactadas pela variabilidade climática a agricultura de sequeiro tem destaque, inserindo-se em uma das atividades de alto risco a ser praticada. “Este tipo de agricultura, no que concerne a lucros, é altamente dependente das chuvas regulares factíveis de ocorrerem entre janeiro a julho de cada ano ao longo do Estado do Ceará“, afirmam.


 



Semi-árido


 


 


“O Ceará caracteriza-se por um território com cerca de 80% inserido em clima semi-árido, com um regime de chuvas de grande variabilidade intra-anual e plurianual. O balanço hídrico da região mostra que o período favorável a uma agricultura de sequeiro, em anos bons e normais em termos de chuvas, limita-se de quatro a cinco meses por ano”, avaliam os pesquisadores.


 



O impacto da estiagem com a frustração de safra, em 1987, conforme os autores, levou o governo da União e do Ceará a investirem US$ 195,9 milhões em auxílio às populações impactadas pela seca.


 



A análise considerou o cálculo das médias, dos desvios padrões e anomalias na temperatura do Atlântico e no El Niño, para os trimestres de março, abril e maio, que, segundo Brabo e Campos, exercem maior influência na chuva. A estação chuvosa na região vai de fevereiro a maio. “A identificação antecipada destes padrões pode trazer um melhor planejamento para minimizar as perdas e fazer com que o agricultor possa melhor conviver com essas adversidades climáticas”. Segundo eles, a Funceme investe em estudos que possam auxiliar nesse sentido.


 


Fonte: DN