Partido da República (PR) quer ser a 3ª bancada do governo
Criado para garantir a sobrevivência de membros dos antigos Partido Liberal (PL) e Partido de Reedificação da Ordem Nacional (Prona) à cláusula de barreira, o Partido da República (PR) promete tornar-se a grande vedete da nova legislatura: atraiu oito
Publicado 21/02/2007 17:46
A cláusula foi criada em 1995, mas a implantação estava prevista para as eleições de 2006. Dos 29 partidos, apenas sete tinham ultrapassado a cláusula. Com isso, por exemplo, os pequenos partidos perderiam parte dos recursos do fundo partidário a que tinham direito. Para diminuir os prejuízos, ocorreram diversas fusões. Com a rejeição da cláusula pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e até que o Congresso edite uma nova lei, ficaram válidas as regras antigas. No entanto, o PL manteve a fusão com o Prona.
A meta principal da fusão, no entanto, deixou de ser apenas a sobrevivência. Com apenas cinco meses de existência, a sigla já ambiciona desbancar o PP e chegar ao posto de terceira maior bancada da base do governo. “É um partido novo, sem os vícios dos partidos antigos”, define o deputado Inocêncio Oliveira (PE), 2º vice-presidente da Câmara.
Apesar do discurso de renovação, o PR parece apenas repetir o papel do PL na última legislatura. No primeiro mandato do presidente Lula, os liberais constituíram a base de apoio ao governo e formaram a terceira bancada que mais recebeu novos integrantes ao longo dos últimos quatro anos: 42 parlamentares no total, atrás apenas do PMDB (53) e do PTB (47).
O PR segue o mesmo caminho. Começou com 27 deputados federais e já possui 33. Da antiga sigla liberal, herdou 23 deputados federais, eleitos, 35 deputados estaduais, a sede do diretório nacional, um site – que ainda, em algumas partes, mostra logomarcas do antigo partido e o deputado Valdemar Costa Neto como presidente – e o próprio programa do PL, adotado pela nova sigla republicana na íntegra.
No texto do programa, as únicas mudanças se referem a alguns termos e à substituição de “Partido Liberal” para “Partido da República”.
“Na verdade, os programas dos partidos são muito parecidos. Eles divergem muito pouco”, disse o presidente de honra do partido, Alfredo Nascimento, em entrevista ao G1 no dia 4 de fevereiro, antes que o site do PR divulgasse o documento. Na entrevista, ele disse que a sigla ainda iria elaborar e discutir um programa.
Inicialmente, PSC e PTdoB cogitavam se fundir ao PR. No entanto, as duas siglas decidiram voltar atrás quando o STF derrubou a cláusula de barreira.
Segundo Nascimento, na fusão, não houve considerações de cunho ideológico “de ninguém, de nenhum partido”. “Houve um entendimento de cunho… bom, o interesse de cada um dos partidos para que aquele objetivo de se alcançar a cláusula de barreira fosse alcançado. E a seguir, se iria discutir ideologicamente a linha desses novos partidos que formariam a fusão”, contou.
Apoios
Alfredo Nascimento foi ministro dos Transportes no primeiro mandato do governo Lula e deve voltar a ocupar a pasta assim que a reforma ministerial for anunciada. No quadro de filiações mais recentes, está o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que contrariou o PPS no segundo turno da campanha presidencial declarando apoio à reeleição do presidente.
O presidente do PR trabalha para atrair o ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara (PSDB), que poderá levar com ele cinco parlamentares tucanos e presidir o partido no estado. Nos próximos dias, segundo Nascimento, irão se filiar parlamentares da Bahia, Rondônia, Piauí, Minas Gerais e Maranhão.
Outros apoios de peso estão sendo costurados. Maggi convidou o governador de Rondônia, Ivo Cassol (PPS). Do antigo partido, o governador de Mato Grosso levou consigo um parlamentar do estado e tenta agora levar outro.
Maggi conta ter escolhido o PR por ser um partido menor no estado, o que facilitaria a mudança de seu grupo, e por a sigla fazer parte da base do governo.
“No meu antigo partido, nunca consegui, nos quatro anos anteriores, ter uma base de sustentação em Brasília. Então, ao procurar um novo partido, a gente amarrou um compromisso político nesse sentido, de dar ao estado e ao governador um respaldo político em Brasília não só nas reivindicações, mas na defesa das matérias que interessam ao Mato Grosso no Congresso”, contou.
A proximidade com o Planalto também é um dos pontos que o governador de Rondônia tem considerado para decidir se migrará para o PR.
“Qual o governador, hoje, principalmente de um estado ainda em desenvolvimento e que tanto precisa da União para crescer, se colocaria como oposição ao Governo federal? Tenho analisado muito a questão sob este prisma, antes de tomar uma decisão final”, disse.
Fonte: G1