Rabelo: “não vamos reivindicar, vamos ouvir o que Lula tem a dizer”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá seqüência às negociações para a constituição do novo governo nesta quinta-feira (22) em reuniões com PSB e PCdoB, mas enfrenta problemas diante das reivindicações do PT. Para os aliados comunistas, a “voracidade”

O PCdoB, que hoje ocupa o Ministério do Esporte, promete não apresentar uma lista de reivindicação a Lula na reunião desta quinta-feira. Espera ouvir o que Lula tem a dizer. Em entrevista ao portal da Globo, nesta quarta-feira (21), o presidente do partido, Renato Rabelo, disse acreditar que a definição do espaço do partido já está definida e não deve ser incrementada.


 


De certo, apenas que o ex-presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), não aceitará um cargo no primeiro escalão. “Antes da eleição para a presidência da Câmara, foi oferecido ao Aldo um ministério para ele desistir da disputa. Agora, não cabe ao Aldo ocupar um cargo no governo. O Aldo não aceitaria um cargo no governo”, disse enfaticamente Renato Rabelo.


 


Vida própria, sem ruptura


 


O PCdoB passou a adotar maior distância e independência em relação ao PT depois da eleição para a presidência da Câmara, na qual o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) promoveu diversas manobras para evitar a qualquer custo a reeleição do então presidente da Câmara, Aldo Rebelo, que acabou perdendo o posto para o petista Chinaglia por uma pequena diferença de votos.


 


Para Renato Rabelo, o PT se comporta como um partido majoritário e hegemonista. E questiona a condição de partido grande, como gostam de se autoproclamar os petistas. “Parece que dentro do governo o PT se vê como se fosse um partido majoritário, mas há uma defasagem em relação a isso. E os partidos aliados reagem a essa condição para mostrar que há um desequilíbrio. Não é fácil montar um governo quando um partido tem uma visão exclusivista e hegemonista de poder”, afirmou Rabelo.


 


Rabelo concorda o fato de o PT ser um dos maiores partidos do país, mas rejeita a tese de o partido ser a principal força de interlocução com a sociedade. “O PT atua no governo como se fosse um partido majoritário, mas não teve nem 15% da votação total para a Câmara. Isso não é um partido grande, pode ser considerado o maior partido, mas não é majoritário. Seria se tivesse 30% ou 40% da votação. E isso ninguém consegue no Brasil”, afirmou o presidente comunista.


 


Renato Rabelo, apesar das críticas, rechaça a hipótese de ruptura com o PT, prefere apenas dizer que o partido buscará vida própria no Congresso e a partir das eleições municipais de 2008. Algumas alianças históricas, como em São Paulo, estão ameaçadas. Segundo ele, o partido vai dar preferência para a aliança formada com PSB e PDT na Câmara.


 


“Não chegamos ao nível da ruptura, mas o caminho é seguir a orientação do novo bloco. PSB, PCdoB e PDT vão querer dar uma fisionomia a esse bloco de olho na eleição de 2008 Isso significa investir na disputa por capitais sem fazer uma aliança com o PT”, disse Rabelo.


 


Cargos e mais cargos


 


Através de documentos internos ou em praça pública, o PT defende participação central no governo. Na comemoração dos 27 anos, o partido deu inequívoca demonstração de que deseja controlar as pastas de infra-estrutrutura, consideradas chaves para o sucesso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).


 


Os ministérios de Transportes, Minas e Energia, Integração Nacional, Cidades e Comunicações, os que detêm maior controle sobre os projetos do PAC, são comandados por aliados e também são objetos de desejo de PMDB, PDT, PSB, PP e PR.


 


Comunicações e Minas e Energia continuarão nas mãos do PMDB que pode estender os domínios também para a Integração Nacional, apesar de desejar voltar a comandar Transportes, como fez durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O PP não quer perder as Cidades, o mesmo acontece com o PSB que não aceita ceder Integração Nacional para os peemedebistas.


 


O PR (ex-PL) sonha em voltar à pasta de Transportes enquanto o PDT aceitaria qualquer uma das cinco pastas mais Trabalho e Previdência para apoiar o governo. E as vontades petistas tornam mais complexas as movimentações da reforma ministerial.


 


Fonte: G1