Ana quer ser prefeita de Açu pelo PCdoB
''Eu tenho um sonho. Quero ser prefeita de Açu. E vou ser.'' A proclamação da professora Ana Almeida, ex-petista filiada ao PCdoB no ano passado, na Conferência regional do Partido em Açu, ganhou a imprensa do Rio Grande do Norte: Açu, ao que tudo indica,
Publicado 31/03/2007 12:07
No estado, o encontro nacional do PCdoB reuniu 550 pessoas, entre mulheres e homens, e filiou cem novos membros, como Lindaci, vereadora em Lucrécia. Em Açu foram 70 participantes e dez filiações, todas de mulheres. O encontro, transbordante de emoção, também entregou a dez mulheres do Vale do Açu, comunistas e não comunistas, o Diploma dos 85 anos do PCdoB.
A Conferência de Açu discutiu os grandes temas teóricos e estratégicos da causa da emancipação da mulher, no Brasil e no mundo. ''Mas o que a gente mais fez na Conferência foi política'', registra Lucinete Costa, da direção estadual do PCdoB. O lançamento de Ana Almeida de certa forma encarnou as propostas que de outra forma permaneceriam genéricas.
Seu Joca expulsou a filha da cidade
Ana conta que sua formação como lutadora começou na adolescência, quando seu pai, João Queirós, o seu Joca do Denocs, resolveu lhe dar um castigo: ''Disse que não me queria mais na cidade e me deportou para São Paulo''.
''Ele não sabe o quanto me transformou'', prossegue Ana. Em São Paulo ela tornou-se operária metalúrgica, prensista. Entrou na militância sindical e no PT. Organizou greves. Quando voltou à terra natal, e passou a trabalhar como professora do estado, trazia consigo uma outra visão.
O sonho de ser prefeita é também uma meta de vida. ''Quero ser prefeita e trabalho para isso'', afirma Ana. A plataforma já está se desenhando: educação popular, saúde, desenvolvimento sustentável, incentivo à participação da mulher.
E seu Joca, o pai? Hoje aposentado, continua de mal com a filha. ''Diz que eu nasci para ser homem, que sou doisa, não tenho juízo'', conta Ana. Mas há quem diga que dos três filhos é ela que seu Joca mais admira; e que será um excelente cabo eleitoral na campanha de 2008.
O efeito Vilma Maia
A proliferação de candidaturas femininas para 2008 no Rio Grande do Norte vem em grande parte do sucesso da governadora, Vilma Maia (PSB), hoje em seu segundo mandato. ''Ela é uma inspiração para nós. As mulheres se inspiram na coragem e determinação dela'', destaca Ana. ''Torou no meio as duas oligarquias do estado'', comenta Lucinete, referindo-se à vitória de 2006, quando os clãs oligárquicos dos Maia (PFL) e dos Alves (PMDB) se uniram contra ela e terminaram derrotados.
As concorrentes de Ana, já lançadas, são Risa Montenegro, ex-mulher do prefeito em segundo mandato (PP), e Fátima Moraes, do PSB, que já concorreu ao cargo em 2004. Como Fátima pertence ao campo progressista, de Lula e Vilma, há sinalizações de que ela e Ana terminarão se aliando. ''Lá na frente a gente se encontra. Quem estiver mais fortalecida puxa a outra. Ela pode ser minha vice'', prevê a candidata comunista.
Açu hoje produz até petróleo, além da agricultura, que passou do algodão de outrora para o melão e a manga, e agora a banana. A grande empresa bananeira é a Del Monte, da Costa Rica, acusada de jogar agrotóxicos no rio. O município viveu certo progresso, mas distorcido e socialmente injusto; nos últimos anos, duas favelas brotaram em Açu. Vários lavradores venderam seus lotes à Del Monte, às vezes na terra que já foi sua. ''Falta incentivar a agricultura familiar'', defende a professora que sonha em ser prefeita, e que começou a espalhar o seu sonho a partir da mulheres de Açu.
De Brasília, na Conferência Nacional
do PCdoB sobre a Questão da Mulher,
Bernardo Joffily