Encontro Lula-Kirchner sela pacto de apoio político
Depois de um encontro com uma agenda “muito ampla e aberta” em Buenos Aires, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, almoçou com o argentino Néstor Kirchner. Também presente a senadora Cristina Kirchner, mulher do presidente argentino, que pod
Publicado 27/04/2007 16:31
Depois de se encontrarem a portas fechadas em Los Olivos, residência oficial do presidente argentino, Lula e Kirchner passearam pelos jardins da quinta, junto com suas esposas, Marisa e Cristina. Cristina Kirchner, que acumula o posto de primeira dama com o mandato de senadora, é também uma das opções para a eleição presidencial de outubro.
Os dois venceriam no primeiro turno
Há poucas dúvidas sobre a viabilidade eleitoral de qualquer membro do casal Kirchner. Conforme uma pesquisa divulgada hoje pelo instituto Management & Fit, o presidente se reelegeria com 57% dos votos caso a eleição fosse agora. Cristina também venceria no primeiro turno, com 46%. Em segundo lugar figura o ex-ministro da Economia de Kirchner, Roberto Lavagna, com 16% ou 17%, que faz oposição pela direita. Em terceiro, e pela esquerda, a deputada Elisa Carrió, da ARI, com 10% ou 11%.
É um quadro bem distinto do de 2003, quando Kirchner, então um governador pouco conhecido nacionalmente, enfrentou o ultraneoliberal Carlos Ménem, ex-presidente em dois mandatos. Na época, Kirchner voou para Brasília e voltou com uma foto também significativa, de uma audiência com Lula, que iniciava seu mandato.
Em quantro anos, porém, Kirchner enfrentou o FMI (Fundo Monetário Internacional) e tirou a Argentina do “inferno” da crise de 2001 para um ritmo chinês de crescimento econômico. Com isso, tornou-se um fenômeno de popularidade como poucas vezes acontece em uma América Latina inclinada a julgar com rigor seus governantes. A imagem positiva se transfere a Cristina, que no entanto é uma política articulada e com vôo próprio.
Biocombustíveis e Banco do Sul na pauta
O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, que acompanha Lula, disse à imprensa que os governantes dos dois maiores países sul-americanos decidiram colocar em marcha “uma estratégia comum” sobre a produção de biocombustíveis. O tema vai ganhando apoios no continente, depois de ensejar críticas ao Brasil por ocasião da visita a Brasília do presidente dos EUA, George W. Bush.
Amorim disse que Lula e Kirchner também conversaram sobre o Banco do Sul, a próxima reunião de ministros sul-americanos da área econômica, marcada para maio, em Quito, e o andamento do Mercosul.
A idéia do Banco do Sul foi lançada por Kirchner e Hugo Chávez, presidente da Venezuela. O governo brasileiro reluta em apoiá-la, com a alegação de que seus contornos ainda não estão nítidos. O encontro de Lima terá a participação do novo presidente equatoriano, Rafael Correa, que é economista e simpático à idéia. Com apoio brasileiro, pode chegar a um formato consensuado.
Lula retorna ao Brasil hoje mesmo, depois de ficar em Buenos Aires menos de 24 horas, em uma escala após sua visita oficial ao Chile. No entanto, o jornal argentino Clarín, citando fontes oficiais argentinas e brasileiras, fala na “importância” do encontro. “Algumas fontes indicam que a viagem foi iniciativa do próprio Lula, interessado em avançar nos projetos de integração energética com a Argentina”, diz o diário.
Da redação, com agências