Lideranças da base repercutem declarações de Lula sobre 2010

Aliados do governo continuaram repercutindo nesta quarta-feira (16) a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feita durante entrevista coletiva ontem (15), de que seu sucessor pode vir de qualquer um dos partidos da base aliada, e não neces

O deputado Ciro Gomes (PSB) afirmou nesta quarta-feira (16) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma ´delicadeza´ e praticou um ´ato de habilidade política´ ao dizer na última terça-feira, em entrevista coletiva, que pretendia fazer seu sucessor e que o candidato seria escolhido entre todos os partidos da base aliada.
 


“A delicadeza é, na medida em que ele sabe que a sua principal e mais grave tarefa é governar bem o país, ele precisa do máximo de convergência, do máximo de base de sustentação para que ele viabilize, na profundidade e na velocidade necessária, suas iniciativas, suas propostas e seus projetos”, disse Ciro.



Ciro, que pode concorrer à sucessão de Lula em 2010, acrescentou também que Lula tem “uma vivência política para saber que o processo eleitoral é naturalmente desagregador”.



O deputado apoiou a iniciativa de Lula de evitar apontar o nome de um possível sucessor, o que classificou como uma curiosidade da imprensa.



Para Ciro Gomes, tratar desse assunto neste momento seria “uma compreensiva mas equivocada adrenalina descalibrada dos políticos”.



Só o PT não gostou



O PMDB já manifestou a intenção de lançar candidatura própria à presidência em 2010. O PMDB se movimenta para atrair o governador tucano Aécio Neves (Minas Gerais) para a legenda, já que o PSDB pode optar por lançar o governador José Serra (São Paulo) na corrida presidencial.



“A declaração do presidente coincide com o que eu tenho dito, que é natural uma candidatura da coalizão. Eu luto para que o candidato seja do PMDB e buscarei fazer com que seja a vez do partido. O futuro vai dizer”, afirmou nesta quarta-feira o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que conversou nesta quarta-feira com o presidente Lula no Palácio Planalto para pedir mais cargos de segundo escalão para o seu partido.



O líder do PSB, Márcio França (SP), considerou “um avanço” a declaração do presidente, por reconhecer que há nomes competitivos em outros partidos, e citou o ex-ministro Ciro Gomes. França, no entanto, previu que a disputa presidencial em 2010 terá dois candidatos aliados do governo e um da oposição. O líder do PR, Luciano Castro (RR) disse que o presidente foi “inteligente” ao defender o candidato único: “É positivo para aglutinar a coalizão.”



Mas no PT, as declarações de Lula não foram bem digeridas. O deputado petista Cândido Vaccarezza (SP) pregou uma candidatura do PT à sucessão de Lula. “O presidente está no papel dele de defender a continuidade do governo. Acredito que o melhor caminho é que o nome seja do PT, porque é o partido que reúne as melhores condições de manter unida a coalizão. Temos bons nomes e eu destaco a ex-prefeita e ministra Marta Suplicy”, afirmou Vaccarezza.



Mais diplomático, um dos vice-líderes do governo na Câmara, Henrique Fontana (RS), disse que o momento não é de discutir nomes, mas de “consolidar a coalizão”. “O presidente sabe que o PT tem força e candidatos em condições de presidir o País, mas não podemos ter arrogância”, afirmou. Na linha de não provocar atrito com os aliados, Fontana citou Ciro Gomes como um dos possíveis candidatos. O petista acrescentou outras alternativas, todas do PT: “O Tarso Genro, o Patrus Ananias, a Marta, a Dilma Rousseff, o Jaques Wagner”.



O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), por sua vez, disse que é “possível, mas difícil” ter um candidato único da base em 2010. Já o líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio (RJ), defendeu uma candidatura petista. “Lula pode falar isso e há sinceridade, mas também, com muita sinceridade, nós do PT vamos lutar para ter candidato do partido”, afirmou.



Entre os aliados, há o consenso, porém, de que Lula será o grande cabo eleitoral em 2010.



Bloco de Esquerda



Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), a base aliada será capaz de escolher um único candidato à presidência. Campos negou que o Bloco de Esquerda –que reúne o PSB, PCdoB, PDT, PMN e PAN no Congresso Nacional– tenha em vista a disputa de 2010 frente o 'blocão' liderado pelo PT e PMDB.



“Temos um bloco político, não é um bloco eleitoral. A tese que o presidente Lula falou é correta. Ele reuniu essa base tão ampla e só pode desejar que essa base esteja unida para disputar as eleições. Se isso será possível ou não, só o tempo dirá”, afirmou.



No próximo dia 22, o Bloco de Esquerda lança um programa comum de atuação e já decidiu que terá candidatos próprios em quase todas as capitais do país nas eleições de 2008.



O manifesto do bloco será a espinha dorsal para um programa eleitoral futuro. Nos bastidores, um mapa eleitoral preliminar começou a ser construído.



De acordo com cálculos iniciais dos partidos do bloco, haverá candidaturas próprias em pelo menos 19 capitais do país. As outras sete, Salvador, Recife, Fortaleza, Macapá, Belém, São Luís e Belo Horizonte, são classificadas como críticas por não haver acordo dentro do próprio bloco ou porque há alianças muito sólidas com o PT.



“Teremos candidatos competitivos nos 120 maiores municípios do país, fora as candidaturas simbólicas. Temos problemas em alguns lugares, mas haverá consenso no momento certo”, garantiu Márcio França.


 
“O bloco veio para ficar”, acrescentou.



Da redação,
com agências