40 anos da Guerra dos Seis Dias: “Fim à ocupação!”
59 anos depois da criação do Estado de Israel os israelenses justificam “sempre a sua ocupação, os seus crimes, as suas violações do Direito Internacional, as suas guerras, alegando a necessidade de «segurança» e o direito à existência do Estado Judaico.
Publicado 06/06/2007 09:23
Ontem completaram-se 40 anos da chamada “Guerra dos Seis Dias”. Em 5 de Junho de 1967, Israel lançou um ataque aéreo contra a Força Aérea egípcia, destruindo a maioria dos seus aviões de combate. Seguiram-se seis dias de guerra, de que resultou a ocupação por Israel dos territórios palestinos da Faixa de Gaza e da Margem Ocidental — incluindo Jerusalém Oriental, dos territórios sírios dos Montes Golã e dos territórios egípcios da Península do Sinai. Com exceção do Sinai (recuperado pelo Egito após a guerra de 1973), a totalidade dos territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias continua sob ocupação direta ou indireta (caso da Faixa de Gaza).
O Estado de Israel (criado em 1947 pelas Nações Unidas, na base duma partilha dos territórios palestinos ocupados pelos colonialistas britânicos) expandiu-se pela guerra, em violação frontal de toda e qualquer legitimidade internacional. Inúmeras resoluções do Conselho de Segurança da ONU exigindo a retirada permanecem letra morta.
Israel justifica sempre a sua ocupação, os seus crimes, as suas violações do Direito Internacional, as suas guerras, alegando a necessidade de “segurança” e o direito à existência do Estado Judaico. Mas o Estado que há décadas não existe, apesar de previsto em resoluções da ONU, é o Estado da Palestina. A segurança que não existe desde há 60 anos é a segurança do povo palestino. Só na semana entre 17 e 23 de maio as forças israelenses mataram 32 palestinos, incluindo 7 crianças, e provocaram 102 feridos (Centro Palestino para os Direitos Humanos – www.pchrgaza.ps).
Gaza está de novo a ser regularmente bombardeada a partir do ar. Nos últimos dias, as forças de ocupação sionistas raptaram dois ministros, vários presidentes de Câmara (incluindo os de Nablus e Qalqilia) e vários deputados palestinos. O Ministro da Defesa de Israel já ameaçou publicamente assassinar o primeiro-ministro palestino (The Guardian, 22 de maio).
Aqueles que estão sempre a apregoar a “democracia” e a papaguear a falsidade de que “Israel é a única democracia no Oriente Médio” estão, sistematicamente, a prender e assassinar os representantes do povo palestino, eleitos em eleições multi-partidárias, cuja democraticidade só foi manchada pelo fato de se realizarem sob a ocupação das forças sionistas.
E tudo isto num contexto mais vasto de sofrimento permanente para o povo palestino, que é vítima do bloqueio internacional, imposto por Israel, Estados Unidos e União Européia (com a honrosa exceção de alguns países nórdicos e de Estados que não pertencem à UE, como a Noruega, a Suíça, a Rússia, a China e outros.
Em Gaza e na Margem Ocidental há fome. Há desemprego e miséria em larga escala. Há sangue a correr todos os dias. Há desespero. Há descrença nas promessas vãs do “Ocidente”. Há descrença na via negocial que já foi tentada e que — apesar dos numerosos acordos assinados e das numerosas cedências aceitas pelos palestinos, mas que nunca satisfazem a gula israelo-norte-americana – não se concretizam num Estado Palestino soberano e independente.
É inevitável que, com tanto sofrimento e falta de esperança, haja também lutas fratricidas. Alimentadas e armadas a partir do exterior. São trágicas, tristes e enfraquecem a luta do povo palestino. Mas nunca nos devemos esquecer que a causa e responsabilidade primeira está do lado de quem há décadas ocupa, oprime, mata e destrói pela violência qualquer esperança de justiça e paz.
Já chega de ocupação! O povo palestino e todos os povos do Oriente Médio merecem Justiça e Paz!