Morada Nova: Vaqueiros recebem homenagens
A missa é um dos principais momentos da festa anual dos vaqueiros em Morada Nova. É na celebração religiosa que os profissionais pedem bênçãos para os que vão competir na vaquejada
Publicado 11/06/2007 12:00 | Editado 04/03/2020 16:37
“Ao longe na quebrada, ecoa na imensidão, o aboio de saudade, do vaqueiro do sertão./ É o aboio, é a vida, do que faz, do que canta, vencendo barreiras, a fé acalanta./ Vaqueiro de Morada Nova. Teu aboio, o teu cantar, no coração desta gente, só orgulho faz brotar”.
Letra: Francisca Carneiro de Girão Lima
Música: maestro Coutinho
O trecho é do Hino do Vaqueiro, música que foi o canto de entrada da celebração eucarística realizada na manhã do último sábado, 9, na igreja matriz do Divino Espírito Santo, pelos 64 anos de fundação da Associação dos Vaqueiros e Criadores de Morada Nova, município cearense distante 170 quilômetros de Fortaleza. Terra de tradição vaqueira, anualmente o município realiza a festa em homenagem aos seus profissionais vaqueiros. Este ano os festejos foram abertos na quinta-feira passada, 7, e concluídos ontem, com a entrega de troféus aos vencedores da tradicional vaquejada que encerra a festa. A competição ocorre na pista vaqueiro Epitácio Pessoa de Andrade, espaço do pavilhão construído para sediar os eventos da Associação. Hoje, 11, Dia do Vaqueiro, feriado municipal na cidade, o dia começa com uma alvorada festiva no espaço cultural Moacir Bezerra da Silva.
Na missa presidida pelo padre José Morais Lima, um fã de vaquejada, conforme declarou, os homenageados vestidos com suas roupas de couro ocuparam lugar de destaque, no altar junto ao celebrante e primeiras filas de cadeiras. O sacerdote ressaltou a importância do homem do campo, que faz o Ceará crescer e não é valorizado. Relembrando a tradição da terra moradanovense, padre Morais desejou que os trabalhadores, chamados de heróis do sertão, possam ser melhor tratados por seus patrões. Ao final da celebração, quatro antigos vaqueiros sócios da Associação foram agraciados com a comenda que recebeu o nome de Venceslau Barbosa, um dos primeiros membros da entidade. Foram homenageados José Ivo de Oliveira Rodrigues (Bai), João Eudes de Oliveira Rodrigues, Antônio Bezerra Rodrigues e José Ambrósio Neto. Destaque especial também foi dado ao filho de Venceslau Barbosa, Francisco Barbosa da Silva, 82, que também recebeu uma placa. O artista Ceguinho Aboiador os prestigiou com uma cantoria, o vice-prefeito Franciné Girão fez um rápido discurso saudando-os, e familiares fizeram depoimentos sobre os seus, vivos ou falecidos, deixando várias pessoas emocionadas.
Atração:
No decorrer da missa, a igreja matriz de Morada Nova esteve lotada por familiares e amigos dos homenageados, dirigentes da Associação dos Vaqueiros e Criadores e madrinhas da entidade. Na parte externa da igreja, cavalos devidamente prontos para a montaria aguardavam seus donos para seguir rumo ao pavilhão do Vaqueiro, onde seria servido um almoço aos participantes. A cavalgada, outro momento tradicional da festa, reúne famílias inteiras num clima bem descontraído, chamando a atenção dos moradores que vão as ruas para acompanhar a passagem da montaria. Quem não montou cavalo, seguiu em um carro puxado por um boi.
Conforme Fátima Andrade Girão de Oliveira, que preside a associação, todas as famílias do município tem entre seus avós, pais ou irmãos algum ou vários vaqueiros, pois esta é a cultura mais forte do lugar. Segundo ela, a vocação está mesmo no sangue, tanto que hoje em dia as crianças já com 3 ou 4 anos de vida aprendem a montar cavalo e falam em ser vaqueiros. Afinal, diz ela, é de Morada Nova o registro da mais antiga vaquejada do Brasil, datado de 1894. Nos 64 anos de existência, a manutenção da festa anual é algo sagrado e aguardado com ansiedade. “Tem vaqueiro que só pisa na igreja uma vez por ano nessa missa que os homenageia”, afirmou.
Mais informações
sobre a Associação dos Vaqueiros e Criadores de Morada Nova acesse:
www.avcmn.com.br
Conforme Fátima Andrade Girão de Oliveira, que preside a associação, todas as famílias do município têm entre seus avós, pais ou irmãos algum ou vários vaqueiros, pois esta é a cultura mais forte do lugar. Segundo ela, a vocação está mesmo no sangue, tanto que hoje em dia as crianças já com 3 ou 4 anos de vida aprendem a montar cavalo e falam em ser vaqueiros. Afinal, diz ela, é de Morada Nova o registro da mais antiga vaquejada do Brasil, datado de 1894. Nos 64 anos de existência, a manutenção da festa anual é algo sagrado e aguardado com ansiedade. “Tem vaqueiro que só pisa na igreja uma vez por ano nessa missa que os homenageia”, afirmou.
Morada Nova – Município situado na região do Baixo Jaguaribe. Foi desmembrado do município de Russas pela Lei 1.719, de 2 de agosto de 1876, com sede no núcleo populacional de mesmo nome, então elevado a vila dom o nome de Espírito Santo. Somente em 1925, em virtude da Lei 2.336, de 3 de novembro, se deu a elevação à categoria de cidade. Até 1883 permaneceu com o nome de Espírito Santo e, apesar da tentativa de estabelecer a designação de São Crisólogo, foi fixado pela Lei 107, de 20 de setembro o atual nome de Morada Nova.
ASSOCIAÇÃO – A Associação dos Vaqueiros e Criadores de Morada Nova foi fundada em 13 de Junho de 1943, e instalada a 4 de julho do mesmo ano. É uma sociedade civil com sede na cidade de Morada Nova e meio de ação nos municípios circunvizinhos, com o principal objetivo de congregar os vaqueiros e criadores, defendendo sempre seus interesses e a pecuária da região.
Fonte: O Povo