Farc compara a sua luta com a do MST e ataca latifúndio

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) enviaram uma carta de solidariedade ao 5º Congresso do MST, realizado em Brasília na semana passada. A carta compara a luta dos trabalhadores rurais sem terra do Brasil com a luta da organização na Colô

Saudação das Farc ao 5º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra  (MST)


 


Com o sentimento bolivariano, patriótico e revolucionário, saudamos o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra pela magna celebração do seu Quinto Congresso Nacional “Reforma Agrária: por justiça social e soberania popular”.


 


A realização do seu Quinto Congresso é uma demonstração evidente da formação política, da organização, da unidade e da solidariedade dos trabalhadores rurais brasileiros, qualidades fundamentais na luta pelas transformações políticas, sociais e econômicas necessárias à construção de um mundo justo que certamente resultará da luta de todos os trabalhadores brasileiros em consonância com as lutas que já começam a ser vitoriosas nos diferentes horizontes da América Latina e do Caribe.


 


Sabemos todos que essas transformações têm como motor principal a luta popular em suas mais variadas formas. Entre elas, sem dúvida, a luta pela terra, vale dizer, a luta pela Reforma Agrária. Essa luta é Causa Comum dos camponeses de toda América Latina e do Caribe e é tão antiga como a história da nossa região. Sua atualidade e força resultam do amadurecimento das diferentes organizações dos trabalhadores a exemplo do MST cuja palpitante atuação engrandece e fortalece a luta popular da Nossa América.


 


Companheiros e Companheiras do MST: Lutar por uma Reforma Agrária que distribua a terra eqüitativamente, com tecnologia e créditos favoráveis; uma Reforma Agrária que dê prioridade à lavoura de alimentos para o consumo interno; que torne possível melhorar a vida das famílias camponesas e que seja transformada, de forma racional e justa, em política de Estado. Por isto, a atual luta na América Latina e Caribe leva implícita a criação de um Estado de novo tipo, um regime político que interprete nossas realidades e governos que caminhem com suas próprias pernas, vale dizer, soberanos e independentes. No rumo dessa realidade, caminhamos já e o bravo MST é parte integrante da compreensão desse processo.


 


É um desafio lutar pela Reforma Agrária porque nos coloca frente a frente com interesses muito poderosos que têm por base o neoliberalismo e o agro-negócio baseado no latifúndio que expulsam camponeses e indígenas. É uma luta que custa sacrifícios, dor, sangue e morte. Vocês sabem disso muito bem. Felizmente, a resistência popular é uma expressão política e leva em si o germe da Vitória!


 


Uma das razões principais de nossa luta revolucionaria na Colômbia é a Reforma Agrária de verdade, que os governos liberais e conservadores das oligarquias não fazem porque defendem os interesses dos grandes latifundiários e pecuaristas, que também são narcotraficantes, financiadores e instigadores das quadrilhas dos paramilitares ao serviço do Terrorismo de Estado. No caso colombiano, é impossível uma autêntica Reforma Agrária, sem antes conquistar o poder político para o povo. Estamos convencidos da plena vigência da combinação de todas as formas de luta de massas pela Nova Colômbia, a Pátria Grande e o Socialismo, como foi definido há poucos meses pela nossa Nona Conferência Nacional.  


 


Desejamos-lhes muitos êxitos como frutos de imperecível amor pela Mãe-Terra e vontade inesgotável de lutar pela Justiça Social e a pela Soberania Popular.


 


Contra o Imperialismo…, pela Pátria!
Contra a Oligarquia…, pelo Povo!
Somos FARC, Exército do Povo.


 


Comissão Internacional
Montanhas da Colômbia, Junho de 2007.