Fracasso de Doha exige um Mercosul mais forte, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta sexta-feira (29) que o risco de fracasso das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) reforça o “caráter estratégico do Mercosul” como instrumento de inserção dos seus membro

“Precisamos fortalecer o Mercosul como interlocutor internacional”, afirmou, para em seguida mencionar que não duvidava que o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, compartilha essa visão.



Nos últimos anos, o Mercosul foi conturbado pelas ameaças do Uruguai de negociar um tratado de livre comércio com os Estados Unidos, o que necessariamente levaria o país vizinho a retirar-se do bloco. “O Uruguai está comprometido com o Mercosul por tradição e por projeto porque o Uruguai quer mais e um melhor Mercosul e porque sabemos que não estamos sós nessa tarefa”, rebateu Vázquez, que conduzirá a presidência do bloco neste semestre.



Atento aos constrangimentos internos causados pelas queixas do Uruguai e do Paraguai contra os sócios maiores do bloco, o presidente Lula destacou que as “vantagens do mercado integrado somente serão reais quando estiverem ao alcance de todos” e reconheceu que, em seus 16 anos, o Mercosul não é ainda “o que sonhamos”.



O presidente ainda indicou a necessidade de adoção de “soluções estruturantes”, como a associação do projeto de integração de cadeias produtivas juntamente com a eliminação de barreiras ao comércio entre os países do bloco, para promover o “desenvolvimento eqüitativo” na região. Ao acentuar a contribuição do Mercosul na restauração e no fortalecimento das democracias na região, Lula preferiu valer-se como exemplo da criação do Parlamento do bloco.



Mais Doha



Lula discutirá com governantes de países da União Européia, na próxima quarta-feira, o impasse nas negociações sobre liberalização do comércio, num jantar oferecido pelo primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, em Lisboa. Segundo o porta-voz do Palácio do Planalto, Marcelo Baumbach, estão convidados para o jantar representantes da Alemanha, Itália, França, Espanha, Finlândia, Eslovênia e Letônia. Lula estará em Lisboa para abrir a 1ª Cimeira Brasil-União Européia.



As negociações sobre a rodada Doha também serão discutidas por Lula com dirigentes dos oito grupos políticos representados no Parlamento Europeu, em Bruxelas, onde o presidente brasileiro estará na quinta-feira, dia 5. O presidente vai a Bruxelas como convidado de honra da Conferência Internacional de Biocombustíveis.



Fonte: Último Segundo