Cobiçando a presidência do Senado, PSDB pessiona Renan
A liderança do PSDB no Senado divulgou nesta segunda-feira (2) uma nota em que exige “investigação séria e transparente” da denúncia contra o presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB), por suposta quebra de decoro parlamentar, e que ele “se
Publicado 02/07/2007 18:06
Os tucanos afirmam que, se o presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), encaminhar o processo contra Renan à Mesa Diretora do Senado ou ao Supremo Tribunal Federal, estará adotando “medida meramente protelatória”. Na nota, o PSDB lembra que o procurador-geral da República já afirmou que cabe ao Conselho de Ética e, se for o caso, ao plenário julgar as denúncias contra Calheiros.
Na nota, assinada pelo líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio (AM), o partido afirma que o acusado deve ter o mais amplo direito de defesa e lembra que amanhã a bancada do PSDB na Casa se reunirá, a partir das 10 horas, com os líderes do partidos políticos, incluindo o do PSDB, deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), e o líder da Minoria, Júlio Redecker (PSB-RJ), para tratar do assunto. Ao chegar no Congresso, Calheiros disse que nada tinha a comentar sobre as questões levantadas pelo PSDB.
Até a semana passada, os tucanos estavam cautelosos em relação ao caso Renan. Muitos líderes do PSDB consideram que a pressão midiática sobre o presidente do Senado está baseada em acusações frágeis. Além disso, o caso Renan, que estourou a partir da revelação de que o senador teve uma filha fora do casamento, sempre traz à memória o caso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, segundo informação corrente no meio político, também tem um filho fora do casamento mas conta com a cumplicidade e apoio da grande mídia para esconder o fato. Também colaborou para que o PSDB mantivesse cautela em relação ao caso Renan o fato do senador ser muito próximo do governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho, uma das principais lideranças do tucanato.
Mas os motivos da cautela tucana acabaram sendo superados pela ambição do PSDB de chegar à presidência do Senado, ainda que seja empregando métodos golpistas como um eventual afastamento de Renan Calheiros.
Há duas semanas, quando o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) renunciou da relatoria do caso Renan no Conselho de Ética, ele já havia denunciado que “o jogo é pela coroa” e que tem muita gente dentro do Senado querendo ser coroado com a presidência da Casa.
“Havia condições de brigarmos dentro do Conselho para arquivar logo o pedido de cassação de Renan. Mas há um jogo sujo por aí. É o jogo pela coroa”, comentou Salgado na ocasião.
“Tem um monte de gente querendo. Pela coroa não tem isso não (de governo e oposição). Pela coroa fica-se fazendo grupos para se derrubar (o Renan). Tem muita gente nova que chegou aqui…”, afirmou o senador.
Ao reproduzir as declarações de Salgado, o jornalista Ricardo Noblat ofereceu detalhes desta disputa.
Segundo ele, um senador do PSDB procurou José Agripino Maia (RN), líder do Democratas no Senado, e sondou-o sobre a possibilidade de disputar a presidência da Casa no caso de uma suposta renúncia de Calheiros. Agripino teria retrucado dizendo que é “o único de nós todos impedido de ser candidato”.
Agripino foi derrotado por Renan em fevereiro último quando disputou a presidência do Senado. Se for candidato à vaga dele, se dirá que contribuiu para desestabilizá-lo de olho na sucessão.
“Bem, se você não for candidato, o Tasso poderá ser. Ou o Arthur Virgílio”, avançou o senador do PSDB que não teve seu nome revelado.