Estudo indica que americanos são egocêntricos

E em contraste os pesquisadores descobriram que os chineses são mais hábeis em entender a perspectiva de outras pessoas, possivelmente porque eles vivem em uma sociedade coletivista.

“Essa diferença cultural afeta a maneira como nos comunicamos”, disse o co-autor do estudo e psicólogo cognitivo Boaz Keysar, da Universidade de Chicago.

O estudo, apesar de muito simplificado comparado à vida real, foi instrutivo. Keysar e seus colegas distribuíram dois blocos em uma mesa para que os participantes pudessem enxergar ambos. No entanto, um pedaço de papelão obstruía a visão de um bloco para o “diretor”, que ficava do lado oposto dos participantes e poderia ver apenas um deles.

Quando o diretor pedia para qualquer um dos vinte participantes americanos (nenhum de descendência asiática) para mover qualquer bloco, a maioria ficava confusa qual bloco deveria mover e não levava em conta a perspectiva do diretor. No entanto eles poderiam ter deduzido isso pois, do assento do diretor, apenas havia um bloco na mesa.

A maioria dos participantes chineses, no entanto, não ficavam confusos com o bloco oculto e sabiam exatamente à qual bloco o diretor referia-se. Enquanto seguir instruções era relativamente simples para os chineses, levou o dobro do tempo para os americanos moverem um bloco.

“Essa comunicação fortemente egocêntrica dos ocidentais não existia quando olhamos para os chineses”, disse Keysar. “Os chineses foram hábeis para se colocarem no lugar do outro enquanto estavam comunicando-se.”

Os estudos estão detalhados na edição de julho da revista Psychological Science .

Sociedades coletivistas, como a chinesa, dão mais valor às necessidades do grupo e menos na autonomia individual. Nestas sociedades, entender as experiências de outras pessoas é uma habilidade social mais importante do que é entre os americanos tipicamente individualistas.

Ultra-simplificação grosseira

“É claro que isso é uma ultra-simplificação grosseira”, disse Keysar. “Até nos EUA é possível encontrar sociedades coletivistas. Por exemplo, a classe trabalhadora tende a ser muito mais coletiva.”

A cultura parece dirigir nossos olhos ao ler as emoções das outras pessoas também.

Psicólogos na Universidade de Hokkaido, no Japão descobriram que os japoneses encaram os olhos das pessoas, enquanto os americanos se fixam na boca. Quando pessoas das duas culturas interagem, este cruzamento de visões pode levar à problemas de comunicação.

“Nós sabemos que pessoas de culturas diferentes são diferentes. Isso não é nada novo. Mas o que a pesquisa agora mostra é como elas são diferentes e quais as implicações”, Keysar disse. “Se nós somos conscientes de como pensamos diferentemente isso pode começar o processo de impedir que estas diferenças dificultem o entendimento mútuo.”