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Congresso do PC do Uruguai pede virada na política econômica

O Partido Comunista do Uruguai (PCU) concluiu nesta segunda-feira (23) o seu 5º Congresso Extraordinário, reclamando “uma virada em particular na política econômica, ainda sujeita aos interesses do capital financeiro internacional”. O Congresso fez o bala

“Há um montão de coisas sobre as quais não nos consultaram, que não estava no programa (da Frente Ampla, FA) e que foi introduzido pela janela. Que alguém nos explique onde no programa da FA estava o TLC (Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos), onde estava a autonomia do Banco Central, onde estavam os acordos com o Fundo Monetário Internacional”, disse o secretário-geral do PCU, senador Eduardo Lorier, na abertura do Congresso.



Confrontação com a oligarquia



A tensão em relação à política econômica uruguaia faz lembrar o Brasil do governo Lula. A principal diferença é que no Uruguai a base do governo é a Frente Ampla (FA), formada desde 1971 e fortemente estruturada, que prepara agora um novo congresso. O PCU é a quarta maior força da FA, com 5,9% dos votos na eleição interna da coalizão, em 2004, e 10,0% no ano passado.



A Declaração Final do 5º Congresso, aprovada pelos delegados no Platense Patín Club de Montevidéu, faz uma avaliação positiva da experiência. “Nós, comunistas uruguaios, estamos vivendo um movimento fermentoso na história de nosso povo. Com a Frente Ampla, conquistamos o governo após um longo processo de acumulação de forças e lutamos, aprofundando a unidade desta, pela aplicação conseqüente de seu programa, desenvolvendo e avançando em seu conteúdo nacional, popular e democrático”, diz o documento”.



“Deslocamos o bloco dominante do governo e nossa intenção é desalojá-lo do poder. Isto implica num processo contraditório, de avanços e retrocessos, em torno da conquista do mesmo. Processo que trará a confrontação, direta ou indireta, velada ou aberta, com a oligarquia e o imperialismo que buscarão frear, deformar ou fazer retroceder qualquer avanço realizado”, afirma o PCU.



A contradição principal da conjuntura



“Valorizamos os avanços democráticos concretizados pelo nosso governo, e trabalharemos por seu aprofundamento. Seu desenvolvimento torna necessária a solução positiva da contradição principal da conjuntura, entre um país produtivo, com justiça social e aprofundamento democrático, e mais dependência”, observa ainda o texto.



“Estamos chegando a uma encruzilhada, onde é necessária uma mudança que nos permita resolver os grandes problemas do país: trabalho, salário e aposentadoria, saúde, habitação, educação. Uma virada em particular na política econômica, ainda sujeita aos interesses do capital financeiro internacional”, critica a Resolução Final.



“Não podemos permitir que se inicie um processo de desacumulação de forças que nos leve a perder o espaço conquistado”, prossegue o documento. “Nós comunistas somos parte do governo, integrantes históricos de sua força política; e estaremois, como sempre estivemos, na primeira fila da defesa dis interesses de nosso povo.”
“Reafirmar como nunca a unidade do povo”



Para o 5º Congresso, “lograr o aprofundamento da transformação exige uma mudança na correlação de forças em todos os âmbitos, sociais e políticos”. Isto leva o PCU a “reafirmar como nunca a unidade do povo”, que “se constrói dia a dia”.



O Congresso reuniu 350 comunistas e foi aberto ao som do Hino Nacional e da Internacional. No auditório, cartazes diziam “Viva Cuba Socialista”, “Sim à Unidade latino-americana” e “Mais e melhor Mercosul”. Participaram da abertura a comunista Marina Arismendi, ministra do Desenvolvimento Social, e dirigentes da  PIT-CNT, entre eles o coordenador desta central sindical,  Juan Castillo.



Da redação, com agências