Empregados do setor têxtil iniciam greve

Os funcionários da indústria têxtil do Ceará iniciaram movimento de greve ontem, com manifestação em frente da Unidade I da Vicunha, em Maracanaú. A paralisação foi motivada pelo não avanço nas negociações entre as entidades sindicais dos trabalhadores e

Os trabalhadores da indústria têxtil do Ceará iniciaram ontem movimento de greve com uma manifestação em frente à Unidade I da Vicunha, em Maracanaú. Até o fim do mês, os sindicalistas pretendem visitar outras empresas têxteis dos municípios de Maracanaú, Fortaleza, Horizonte e Pacajus – principais pólos produtores. A meta é conseguir a adesão de pelo menos 80% dos funcionários das indústrias têxteis desses municípios à paralisação. Hoje, o setor emprega aproximadamente 20 mil pessoas em todo o Ceará.


 


O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Fiação e Tecelagem de Maracanaú e Maranguape, Francisco Antonio Ferreira da Silva, destaca que a greve foi decidida em assembléia realizada no dia 14 de julho, conjuntamente com o Sindicato dos Trabalhadores de Fiação e Tecelagem do Ceará, que representa Fortaleza, Horizonte e Pacajus, dentre outros. Francisco Silva explica que a paralisação foi motivada pelo não avanço das negociações com a entidade patronal – o Sindicato das Indústrias Têxteis do Ceará (Sinditêxtil-CE) – que começaram em abril deste.


 


As entidades sindicais dos trabalhadores solicitam pisos de R$ 393 para trabalhadores não qualificados e de R$ 412,80 para funcionários qualificados e reajuste de 6% para os demais profissionais do setor. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Fiação e Tecelagem do Ceará, Raimundo Muniz Mendes, acrescenta que há intransigência dos empresários na negociação. “Se não houver acordo estenderemos a greve para outras empresas”, afirma.


 


Por outro lado, os empresários do setor têxtil, na ultima rodada de negociação, ofereceram pisos de R$ 385 para os funcionários não qualificados e de R$ 400,40 para os qualificados, além de aplicar um reajuste de 3,44% para os demais trabalhadores da indústria, percentual que repõe a inflação. A presidente do Sinditêxtil-CE, Verônica Perdigão, diz que esta proposta é a possível dentro do cenário de crise em que está o setor, em virtude da baixa cotação do dólar e concorrência desleal imposta pelos produtos asiáticos. Ela reforça que, além do salário, as empresas dão vários outros benefícios aos seus trabalhadores, entre os quais cesta básica, auxílio-alimentação e seguro saúde.


 


Segundo Verônica, os empresários resolveram, desde maio, reajustar os salários em 3,44% (de quem não ganha o piso), mesmo sem ser fechado o acordo com as entidades dos trabalhadores. De acordo com Verônica, também foram elevados elevado os pisos, conforme a proposta do Sinditêxtil apresentada no início das negociações – R$ 380 para os não qualificados e R$ 396 para os qualificados.


 


Os sindicalistas informaram que a adesão à greve na Unidade I da Vicunha, até às 19h30min de ontem, era de 50%. Segundo Francisco Silva, cerca de 180 trabalhadores estavam mobilizados em frente à fábrica, em Maracanaú. Um funcionário da Vicunha, que pediu para não ser identificado, questionou o percentual e garantiu que nenhum colaborador da empresa tinha aderido à greve. A diretoria da Vicunha não foi encontrada para dar mais detalhes.


 


Fonte: O Povo