Sindicato dos Metalúrgicos faz nota de apoio a mobilização em Brasília
O Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Marcelino Rocha, lançou ontem uma nota de apoio a mobilização da categoria no próximo dia 16 em Brasília. O documento critica a o novo programa do Governo de apoio ao setor automotivo sem qualquer co
Publicado 15/08/2007 15:06 | Editado 04/03/2020 16:52
Veja o Documento na Integra.
PARA ELAS, DE NOVO?
Nesta terça-feira, 14, fomos surpreendidos com a notícia de que, em até quatro semanas, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior irá apresentar ao presidente Lula um “pacote” de apoio ao setor automotivo, que envolverá linhas de financiamento destinadas a impulsionar a produção e o desenvolvimento de novos produtos, entre outras iniciativas. A principal alegação é que o setor vem operando praticamente a plena capacidade, e tem como meta elevar a produção para 5,5 milhões de veículos até 2011.
É importante observar que tal ajuda é anunciada ao mesmo tempo em que as montadoras de automóveis acumulam recordes sucessivos de produção e vendas e poucos dias depois de o Banco Central informar que as indústrias estrangeiras que atuam no país aumentaram em 65,8% o valor de lucros e dividendos remetidos ao exterior de janeiro a maio deste ano, com destaque para os setores siderúrgico e automobilístico – juntos, eles foram responsáveis por quase um terço (27%) destas remessas, ou US$ 1,46 bilhão. Números que explicam, por exemplo, o fato de a Fiat mundial ter encerrado o semestre com um lucro líquido 108% superior ao registrado no mesmo período de 2006. Perguntamos, então: por que esta “montanha” de dólares não permaneceu aqui, para ser reinvestida e, assim, evitar que o governo brasileiro tenha que dispor de recursos tão necessários a outros setores?
Mais grave ainda é que, a julgar pelas informações veiculadas até agora, nenhuma contrapartida será exigida das montadoras de automóveis. Neste sentido, fica aqui a sugestão para que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, chegue até a janela do prédio de seu ministério e dê uma espiada no que anda ocorrendo em Brasília esta semana. É lá que, até a próxima quinta-feira, 16, milhares de metalúrgicos de todo o país ficarão acampados para levantar a bandeira do contrato coletivo nacional de trabalho para o setor, que terá por finalidade corrigir graves distorções identificadas atualmente entre as empresas do setor, que envolvem não apenas salários, mas jornada de trabalho e direitos como organização no local de trabalho.
Se o ministro fizesse ainda melhor e descesse até a rua para conversar com as lideranças sindicais ali reunidas – que, a propósito, não foram consultadas a respeito do “pacote” –, teria a oportunidade de conhecer também as demandas dos metalúrgicos que têm sustentado o crescimento do mercado. Demandas que não se resumem ao contrato nacional e entre as quais o fim do fator previdenciário; Previdência pública para todos, com ampliação de direitos; ratificação da Convenção 158 da OIT; direito irrestrito de greve; e a manutenção do veto do presidente Lula à “Emenda 3” são alguns exemplos.
Marcelino da Rocha
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas.