Dieese fará pesquisa inédita para avaliar o mercado de trabalho no Rio
A região metropolitana do Rio de Janeiro irá finalmente fazer parte da pesquisa que o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza, desde 1986, em cinco capitais do País e no Distrito Federal.
Publicado 24/10/2007 20:26 | Editado 04/03/2020 17:05
A informação foi dada, no dia 23, durante audiência pública da Comissão Especial da Assembléia Legislativa em comemoração pelos 120 anos da abolição da escravatura, que discutiu a inserção do negro no mercado de trabalho.
O economista Jardel Leal, que representou o Dieese na audiência, declarou que o mapeamento estatístico feito pelo departamento nas áreas metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e Brasília mostrou o abismo que existe entre negros e não-negros no mercado trabalhista. “O mercado é segregador e, à medida que passa a espelhar uma situação mais privilegiada, cria-se um espaço cativo para quem tem mais recursos. E, nesse caso, o negro termina sendo alijado”, explanou.
De acordo com Leal, a situação que pode ser verificada no Recife, onde 51% dos negros estão em idade ativa e, destes, 21,6% encontram-se desempregados contra 51,8% de brancos, sendo 18,3% desempregados, parece ser a mais próxima do Rio. A região que possui o maior desnível no rendimento médio por hora é a de Salvador, onde os trabalhadores brancos ganham 51,8% mais do que os negros.
O promotor Wilson Prudente, do Ministério Público do Trabalho (MPT), assegurou que a questão do fim da discriminação a qualquer segmento no mercado de trabalho é uma prioridade. “O Estatuto da Igualdade Racial está emperrado no Congresso Nacional porque ele define parcelas do mercado audiovisual, por exemplo, para trabalhadores negros e não se quer admitir isso”, ressaltou Prudente.